Senta no meu, que eu entro na tua

Especial Boca Pornô – 30 anos

SentanoMeu

Senta no meu, que eu entro na tua
Direção: Ody Fraga
Brasil, 1986.

Por Gabriel Carneiro

Senta no meu, que eu entro na tua nunca existiria fora do período do cinema de sexo explícito, porque os protagonistas de seus dois episódios, Alô, Buça e O Unicórnio, uma vagina falante e um pênis nascido na cabeça (de cima!), jamais ganhariam existência nos tempos de pornochanchada. Naqueles dias, com censura reguladora, jamais seria permitido (ou mesmo desejado por muitos) closes numa vagina e num pênis, ou mesmo mostrá-los de frente, tão graficamente. Fugia-se disso, ficava-se na imaginação ou, no máximo, no rápido vislumbre. Pois bem, mas se ainda fosse possível naqueles dias, Senta no meu, que eu entro na tua, seria uma das melhores pornochanchadas já feita. O sexo explícito, postiço e desnecessário, cumpre a função: vender. Porém, dentro da história, tanto faz como tanto fez.

É curioso notar tal paradigma. Se não fosse o moralismo (censura, público, realizador, e seja lá de quem for), talvez o filme, hoje, fosse lembrado e mais aceito dentro da cinematografia brasileira, não apenas como um dos grandes expoentes do cinema pornô tupiniquim. Porque o que importa nele é a extremamente imaginativa história, de ambos os episódios.

No primeiro, Alô, Buça, uma mulher liberal, ouve, durante uma transa, uma voz falando que não vai mais dar. Logo descobre que é sua vagina, que tomou consciência e resolveu reivindicar seus direitos: ela, a partir de então, escolheria o parceiro sexual, afinal, seria ela quem o teria de agüentar. Para tal efeito, uma ótima solução visual: a vagina falante é mostrada num close de uma vagina abrindo e fechando. Com viés feminista, o filme acaba servindo para mostrar uma nova mulher na sociedade, a que tem voz e direitos, não sendo mais necessariamente subjugada pelos homens. Risos garantidos numa comédia absurda.

A tônica de O Unicórnio é a mesma. Um homem cansado da vida, sem paciência de transar com a mulher, vê em um dia um calombo dolorido em sua cabeça ganhar forma e crescer. O que parecia um chifre se transforma num pinto na cabeça do sujeito, que tem o mesmo comportamento do outro. Quando excitado, ganha uma ereção. Uma das vítimas de seu desejo é a médica que o examina, pois, ao fazê-lo, deixa-o animado demais. A solução, ele diz, para que não morra (possivelmente, perdendo a circulação do sangue no cérebro), é aliviar-se no sexo. Com dois pênis, o homem vira uma máquina incansável do sexo, refutando inclusive a condição e pedindo que tirem o da cabeça.

Ody Fraga, hábil narrador, tem outro grande trunfo no filme: o título. Senta no meu, que eu entro na tua é, muito provavelmente, um dos títulos mais criativos do cinema brasileiro.

A Dama de Paus

Especial Boca Pornô – 30 anos

A Dama de Paus
Direção: Mário Vaz Filho
Brasil, 1989.

Por William Alves

A Dama de Paus tem uma das sequências iniciais mais atordoantes da história do cinema nacional. Milhares de indivíduos encapuzados, que se assemelham à temida ordem Ku-Klux-Klan, se enfileiram para penetrar Débora Muniz, uma das grandes musas do sexo explícito brasileiro.

O ápice (para ela e para quem assiste) é esticado para o final, quando ela é sexualmente violada pelo líder, que ostenta uma máscara, portentosamente confeccionada, de (pasme!) cavalo. Em dez minutos, Mário Vaz Filho já gastou todos os trunfos de uma produção de gênero, você diz. E você está brutalmente equivocado, já que um cavalo de verdade vai pintar lá pelo meio da produção.

Ao contrário de outros diretores da Boca do Lixo, como Alfredo Sternheim e José Miziara, Vaz Filho não tem uma filmografia “convencional”, já que ingressou diretamente nas produções pornôs. Talvez por isso, seja consideravelmente mais criterioso em suas perversões do que ambos. Enquanto Sternheim e Miziara se limitavam a posicionar os seus personagens em fazendas borbulhantes de hormônios, Vaz Filho tinha um arsenal mais variado de promiscuidade. Ele prova, tal como MacGyver, que dois tomates e uma cenoura, em posições previamente calculadas, constituem um tremendo afrodisíaco.

Como se filmar sexo não fosse o bastante, A Dama de Paus tem uma “história”. Uma esposa insatisfeita (Débora) se perde em devaneios libidinosos, para esclarecer o mínimo. Invariavelmente, múltiplos personagens aleatórios se juntam à trama – um deles é interpretado por um tal José Mojica Marins -, sem maiores explicações. Afinal, o intento é socializar, não discriminar.

O Ônibus da Suruba

Especial Boca Pornô – 30 anos

O Ônibus da Suruba
Direção: Sady Baby e Renato Alves
Brasil, 1990

Por Leo Pyrata

O Ônibus da Suruba é um dos filmes mais singulares da fase terminal do explicito da Boca do Lixo. Sady Baby e Renalto Alves produziram esse petardo da cinematografia brasileira. O ônibus da suruba atravessa o Brasil soltando a franga com sua trilha sonora desconcertante combinando Beto Barbosa e Flash Dance numa orgia itinerante de delitos e putaria.

Partindo da premissa da Lei do Cascão, em que “trabalhar é pra otário e que se esse país é uma foda então vamos fudê”, Cascão (Sady Baby) reúne um exercito de Brancaleone para seu épico da picaretagem. Um roadie movie pornô orquestrado pela lei do Cascão. Cascão é um mestre de cerimônias afinado com a tradição brasileira do apresentador grotesco de televisão. Ele cafetina o elenco para passar por peripécias de sexo, roubos e trapaças, financiando sua jornada atrás de um comparsa caloteiro.

O filme é feio, sujo e forte, principalmente pela distancia que se situa das convenções higiênico-eugênicas da fotografia publicitóide de produções contemporâneas como Bruna Surfistinha e outras bundas mais lindas da cidade. Negar a força cinematográfica de Onibus da suruba é como partir em defesa da ditadura do belo, programático, limpo e eficiente e se afinar com as carolas medianas da mercantiização doriana da imagem. Hoje mais que nunca trata-se de um filme belíssimo.

A montagem da seqüência da suruba da mexerica é um achado. Uma feijoada de planos mesclando caras e coitos com muita inventividade. Sady Baby transforma a pornografia em ficção investindo numa performance quase frontal, bancando o xerife da misé em scene, ditando ações e submetendo sua trupe à situações em quee o risco do real é muito mais que cinematográfico.O espetáculo sexual do filme está sempre operando nesse sentido. Existe nesse formato uma pulsão que aproxima sempre o sexo da violência e o prazer da morte. Os gritos do profeta Sady são pra que seus seguidores saibam que eles estão vivos.

E a nave de Sady vai, essa Atalante do desbunde putanhesco tupiniquim às margens do aceitável e na contramão das alamedas do bom gostismo, corrompendo freiras, casais e prejudicando os passantes de boa índole. Dessa jornada surge um filme rude e vigoroso com o melhor travelling pornográfico rodado no capô do ônibus em plena rodovia, a documentação da cagada que um ator dá pela janela também com o ônibus em movimento, junto com outras cenas antológicas como a de X-Tayla correndo em câmera lenta em frente as ruínas.Vários momentos brilhantes da fotografia de Renato Alves que, combinados com os registros sexuais enquadrados de forma seca e documental num ritmo que muitas vezes briga com a trilha sonora, consegue produzir uma experiência única de antipornografia. Provavelmente a mesma antipornografia que Nagisa Oshima procurava. No desfecho do filme Sady Baby tenta mas não consegue se livrar de sua trupe. No fundo ele sabe que é a suruba que bota seu ônibus pra andar.

Expediente

 

EDITOR-CHEFE: Adilson Marcelino

EDITOR DOSSIÊ GILBERTO WAGNER: Matheus Trunk

CONSELHO EDITORIAL: Adilson Marcelino, Andrea Ormond, Gabriel Carneiro, Matheus Trunk e Vlademir Lazo Correa

REDATORES: Adilson Marcelino, Andrea Ormond, Daniel Salomão Roque, Diniz Gonçalves Júnior, Filipe Chamy, Gabriel Carneiro, Marcelo Carrard, Matheus Trunk, Sergio Andrade, Vlademir Lazo Correa e William Alves

REDATORES CONVIDADOS: Ataídes Braga, Felipe Guerra, Leo Pyrata, Nísio Teixeira.

CONVIDADOS ESPECIAIS: Alfredo Sternheim, Eduardo Aguilar, José Miziara

CONTATO: revistazingu@gmail.com

Adilson Marcelino tem paixão pelo cinema nacional em geral e acredita piamente na máxima atribuída a Paulo Emílio Salles Gomes, de que o pior filme brasileiro nos diz mais que o melhor estrangeiro. Chamado por um grupo de jornalistas como o Super Adilson do Cinema Brasileiro, é graduado em Letras e em Jornalismo. Trabalha com cinema desde 1991: foi bilheteiro, gerente, assessor de imprensa, programador, redator e apresentador de programa de rádio. É pesquisador, editor do site Mulheres do Cinema Brasileiro – premiado com o troféu Quepe do Comodoro, outorgado pelo Carlão Reichenbach -, e do blog Insensatez. É o atual Editor-Chefe da Zingu!

Andrea Ormond, pesquisadora e crítica de cinema, mantém desde 2005 o blog Estranho Encontro  (http://estranhoencontro.blogspot.com), inteiramente dedicado à revisão crítica do cinema brasileiro. Escreve na revista Cinética, além de integrar o conselho editorial da revista Zingu. Colaborações publicadas nas revistas Filme Cultura e Rolling Stone, dentre outros veículos.

Daniel Salomão Roque possui um gosto cinematográfico bipolar, oscilante entre Jacques Tati e Jörg Buttgereit. Afeito a filmes dos mais diversos tempos, recantos e tendências, ele tem, contudo, um carinho especial pelo film noir e suas derivações, pelas fitas B estadunidenses dos anos 50/60 e pelo cinematografia popular latino-americana. Adepto de Samuel Fuller, acredita que o cinema é um campo de batalha e também uma área de garimpo: o prazer da descoberta anda lado a lado com os extremos da emoção. Ele já fez curadoria de cineclubes em parceria com a Prefeitura de Osasco, colaborou com a finada Revista Zero, manteve uma coluna sobre quadrinhos nos primórdios da Zingu! e hoje estuda História na Universidade de São Paulo.

Diniz Gonçalves Júnior é paulistano e poeta. Tem trabalhos publicados na Cult, no Suplemento Literário de Minas Gerais, naArtéria, na Nóisgrande, na Sígnica, em O Casulo, na Zunái, na Germina, na Paradoxo, no Mnemocine, no Jornal de Poesia, na Freakpedia, e no Weblivros. Autor do livro Decalques (2008).

Filipe Chamy é geralmente descrito pelas pessoas que convivem com ele como sendo um idiota; mas é muito mais do que simplesmente isso. Fundamentalmente, é um apreciador de coisas belas, mesmo quando elas são feias. Groucho-marxista convicto, nunca fala sério — mesmo que pensem o contrário —, e tem ojeriza a autoridades (e alergia a poderosos). Tenta viver a filosofia “Hakuna Matata”, mas acaba se preocupando mais do que deveria. É escritor frustrado, músico falido e apaixonado consumidor de arte.

Gabriel Carneiro é um pretenso jornalista e crítico de cinema, mais pretenso ainda pesquisador. Formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, o que gosta mesmo é de assistir filmes e ponderar sobre eles. Como iniciação científica, pesquisou a filmografia de Guilherme de Almeida Prado. Já escreveu no portal Cinema com Rapadura, e manteve por três anos e meio o blog Os Intocáveis. Rascunhou em alguns outros lugares. Atualmente, também escreve no Cinequanon e na Revista de CINEMA. Adora resmungar, e adora as feminices das mulheres que o rodeiam – é fato, a falta da simples presença feminina o deixa deprimido. A cada dia sua admiração por filmes de baixo orçamento aumenta – tanto que fez um TCC sobre a ficção científica de 1950-64 e planeja fazer um filme de terror. Foi editor-chefe da Zingu! entre maio de 2009 e dezembro de 2010. Atualmente, faz parte do Conselho Editorial da revista.

Marcelo Carrard é jornalista e crítico de cinema. Autor da tese de mestrado: O Cozinheiro, O Ladrão, Sua mulher e o Amante – Peter Greenaway e Os Caminhos da Fábula Neobarroca, colaborou no livro O Cinema da Retomada – Depoimentos de 90 Cineastas dos Anos 90, organizado pela pesquisadora Lúcia Nagib. Nesse livro, foi o responsável pelas entrevistas com os diretores José Joffily, Silvio Back e Neville de Almeida. Doutorado em cinema pela Unicamp. Grande conhecedor de cinema oriental, europeu e mesmo brasileiro, ministra cursos e workshops. Manteve o blog Mondo Paura, premiado no troféu Quepe do Comodoro. Carrard é também crítico do site Boca do Inferno, o maior em português dedicado ao Cinema Fantástico. Muito sincero e honesto, o que lhe causa grandes problemas frente os pseudointelectuais de esquerda que pensam que escrevem na “Cahiers du Cinema”. Assina a coluna Cinema Extremo, dedicado a filmes feitos fora da linguagem comum.

Matheus Trunk é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi editor-chefe da Zingu! entre outubro de 2006 e abril de 2009. Trabalhou na revista Transporte Mundial, no jornal Nippo-Brasil e no jornal Metro ABC. Atualmente é assessor de imprensa. Fanático por cinema brasileiro, música popular e pela Sociedade Esportiva Palmeiras, é editor do blog Violão, Sardinha e Pão.

Sergio Andrade é bibliotecário e cinéfilo dos mais atuantes. É fã de cinema extremo, mas também de grandes diretores. Em matéria de cinema brasileiro também é grande entendido, sendo fã de carteirinha do saudoso crítico Rubem Biáfora. Mantém uma relação de amor com a Cinemateca Brasileira, por ter trabalhado lá nos arquivos da entidade. Mantém os blogs Kinocrazy e Indicação do Biáfora.

Vlademir Lazo Correa é gaúcho de nascimento e tem como única qualidade inquestionável nessa vida o fato de ser torcedor fanático do Sport Club Internacional, de Porto Alegre. Escritor sem obra e atleta cujo único esporte é o jogo de xadrez, é apaixonado por antiguidades das mais diversas, dedicando-se a colecionar discos de vinil que ninguém mais quer e livros velhos de sebos empoeirados que quase ninguém lê. Desde que se conhece por gente aprecia o cinema em suas mais diferentes formas, vertentes e direções ao ponto de estar se convertendo em um museu de imagens e só prestar nesse mundo para assistir filmes e, ocasionalmente, escrever sobre eles. Foi colunista do site Armadilha Poética e mantém (só não sabe até quando) o blog O Olhar Implícito.

William Alves, 24 anos, é belorizontino e eterno postulante a jornalista, estudante de Comunicação Social na capital mineira. Ele acredita em um tipo de crítica cinematográfica mais simples e objetiva, largando de lado todas as citações desnecessárias e a cânones literários. Queria ter visto os Stones em 68 e pegado a Ava Gardner em 46. É fã de westerns, futebol inglês e da Rockstar Games. Tem um blog que ninguém lê, o Lazarus Threw the Party. Aprecia especialmente o cinema marginalizado de Sganzerla e Bressane, embora não deixe de olhar com carinho a filmografia do Nelson Pereira dos Santos. Já largou uma porção de maus hábitos, mas o Marlboro vermelho continua

Depoimento: Eduardo Aguilar

Dossiê Gilberto Wagner

Por Eduardo Aguilar

Eu conheci o Gilberto na Boca e acabamos trabalhando juntos naquele filme do Conrado. Lembro que a edição foi feita em algum lugar longe da Triunfo. Trabalhamos juntos durante muito pouco tempo e talvez por isso não tenhamos estabelecido uma amizade.

Durante todo o nosso trabalho, o Gilberto sempre foi um cara bastante animado e a gente se divertiu fazendo a edição do A Menina. Ele tinha uma coisa que é uma característica de todo grande montador, que é ser bastante inquieto. A ideia de chamar ele pra editar o filme veio do produtor Antonio Polo Galante.

O pessoal da Boca sempre destacava que uma das principais características do trabalho do Gilbertinho era a agilidade dele. Ele era muito ligeiro e isso eu pude comprovar vendo ele editar na moviola. Nós fizemos A Menina e o Estuprador em 1982. Desde então, nunca mais vi o Gilberto Wagner.

Outro filme que eu trabalhei naquele ano foi Tensão e Desejo, do Alfredinho Sternheim. Esse filme também foi editado pelo Gilberto. Mas esse eu não acompanhei a parte da edição. Na Boca, isso não era algo obrigatório para o assistente. Acabei fazendo isso somente no filme do Conrado.

Eduardo Aguilar é cineasta e assistente de direção. Trabalhou com Gilberto Wagner em A Menina e o Estuprador (1982).

Depoimento: Alfredo Sternheim

Dossië Gilberto Wagner

Por Alfredo Sternheim

Quando soube que teria Gilberto Wagner como montador de Mulher Desejada, fiquei um pouco assustado. Eu o conhecia pessoalmente e ele era bem simpático. Mas me deixei levar por preconceitos: Gilberto era jovem e não parecia ter formação cinéfila. E Mulher Desejada era um projeto bem ambicioso. Eu achava que precisava de um montador mais experiente e com mais conhecimento cultural. Bobagem minha, engano meu.

Além de alegre e amável, mostrou ter uma rápida compreensão do que se fazia necessário ao filme e uma forma terna de trabalhar que não dispensava o ritmo ágil. Foi uma ótima convivência, que se repetiu depois em As Prostitutas do Doutor Alberto, Herança dos Devassos (os problemas criados pelo supervisor argentino não atingiram nossas relações) e especialmente em Tensão e Desejo. Sua colaboração nesses filmes e no derradeiro foi muito marcante. Em Tensão e Desejo, ele mostrou grande desenvoltura na montagem da seqüência do sonho-balé com a personagem interpretada pela atriz Sandra Graffi.

Escrevo estas linhas com muita saudade desse tempo fraterno do Gilberto. Um grande montador e uma grande pessoa.

Alfredo Sternheim é cineasta. Trabalhou com Gilberto Wagner em Mulher Desejada (1978), Herança dos Devassos (1979), As Prostitutas do Doutor Alberto (1981) e Tensão e Desejo (1983).

Gilberto Wagner fala sobre Ary Fernandes

Dossiê Gilberto Wagner

Gilberto Wagner fala sobre Ary Fernandes
Por Antônio Leão da Silva Neto

Seleção e transcrição: Matheus Trunk

Sou sobrinho de Ary Fernandes. Quando vim ao mundo meu tio já fazia cinema. Em 1958, com sete anos de idade fiz uma pequena ponta no filme O Grande Momento, de Roberto Santos. Eu era muito criança e meus pais não gostavam muito da ideia de eu seguir a carreira artística, ficavam preocupados por causa da escola, etc., mas meu tio sempre me levava, acabei fazendo alguns comerciais de televisão e participei de um capítulo do Vigilante Rodoviário chamado O Suspeito, junto com aquela garotada famosa, Tuca, Fominha, Gasolina, etc. Lembro de uma passagem curiosa, quando fiz esse episódio, um dia Carlinhos foi me buscar com a Simca e o Lobo na porta da minha escola, foi uma loucura, parou o colégio, e eu fiquei todo orgulhoso, era paparicado pelas meninas.

Mas minha carreira cinematográfica era inevitável, com 17 anos fui ser assistente de montagem de Luiz Elias, na série Águias de Fogo e com ele aprendi todos os segredos da profissão, depois fui para Lynx Films dirigir documentários e principalmente comerciais, o forte deles. Trabalhei também na Marca Filmes, que era de propriedade do Sílvio Santos. A empresa ficava dentro dos estúdios da Vila Guilherme. A maioria dos comerciais era do próprio grupo, mas tinha de fora também, como da caneta Papermate. Várias vezes, montei programas do Sílvio e ele ficava junto na moviola, com o Luciano Calegari.

Nos anos 70, abracei a profissão de vez e montei dezenas de filmes na Boca do Lixo, para diretores importantes como Carlos Reichenbach, Walter Hugo Khouri, Alfredo Sternheim, José Miziara, Antonio Meliande e o próprio Ary, para quem montei 11 filmes, entre eles, o piloto da nova série do Vigilante Rodoviário, com Antônio Fonzar no papel principal.

Sempre gostei de fazer sonoplastia também, tinha um arquivo grande de sons, ruídos e efeitos. No episódio que montei do Vigilante, eu fiz boa parte da sonoplastia. Levei um capô de carro para dentro do estúdio para fazer o barulho de carros se chocando. Eu aprendi com Luizinho a montar rápido e isso fazia com que muitos produtores me procurassem, pois o serviço rendia na minha mão.

Nessa época casei-me com a filha de um empresário português que tinha uma rede de postos de gasolina e eles insistiram para que eu fosse trabalhar com eles, então larguei o cinema, o que me arrependo muito. Depois me separei e quando quis retornar já era tarde.

Recentemente auxiliei Luiz Elias na montagem do filme Pelé Eterno, mas também ajudei na produção, inclusive fiquei sete meses na TV Record procurando gols de Pelé em seus arquivos.

Nesses arquivos encontrei um dos primeiros gols do Pelé, e fui elogiado pelo próprio Pelé pelo feito.

Ary Fernandes é meu segundo pai, ajudou a me educar, me deu uma profissão, tenho muito orgulho dele, principalmente pela série Vigilante rodoviário, um tremendo sucesso na época.

Retirado do livro Ary Fernandes: Sua Fascinante História, de Antônio Leão da Silva Neto, publicado originalmente pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2006.

Entrevista com José Miziara

Dossië Gilberto Wagner

Entrevista com José Miziara
Por Matheus Trunk

Dentro do cinema paulista, José Miziara é um realizador de destaque. Dirigiu mais de 15 longas-metragens, tendo feito vários com produção da empresa Cinedistri, de Aníbal Massaini Neto. Nos anos 1970, o realizador estabeleceu uma interessante parceria com o montador Gilberto Wagner.

Os dois trabalharam juntos em 7 longas-metragens (Embalos Alucinantes; Meus Homens, Meus Amores; Nos Tempos da Vaselina; As Intimidades de Analu e Fernanda; Os Rapazes da Difícil Vida Fácil; Como Faturar a Mulher do Próximo; Pecado Horizontal). Atualmente, Miziara participa como ator do programa humorístico A Praça É Nossa, exibido semanalmente às quintas-feiras no SBT. Bastante solícito e gentil, o cineasta conversou com a reportagem da Zingu! por telefone.

Zingu!- O que o senhor pode falar sobre o Gilberto Wagner?

José Miziara- Poxa, ele montou vários filmes meus. Dentro da minha trajetória no cinema, o Gilberto foi o meu montador preferido. Ele montou esse primeiro filme e depois estabelecemos uma parceria. Sempre foi um cara simpático e sempre chegava no trabalho no horário estabelecido.

Z- Dos trabalhos dele com o senhor, tem algum que o senhor tem mais carinho?

JM- Gostei muito do trabalho dele no Embalos Alucinantes. Inclusive porque o crítico Salvyano Cavalcanti de Paiva, do Rio de Janeiro deu uma citação no jornal elogiando o trabalho de montagem do filme. Isso foi bastante importante porque destacou trabalho do Gilberto.

Z- Você confiava muito no trabalho do Gilberto?

JM- Bastante. Inclusive teve uma vez que eu deixei um filme na mão dele. Falei: “Monta isso que eu só venho depois de amanhã. Mas quero tudo pronto”. Ele deixou o filme pronto com uma rapidez muito grande, tudo estava direitinho. Sempre gostei muito dele. Lembro que o (produtor) Galante também gostava muito dele. Durante um tempo, ele era muito ativo e chegou a fazer coisas na Cinedistri, do Aníbal. Isso talvez pela rapidez em que ele fazia os trabalhos.

Z- O Gilberto era um cara bem-visto na Boca?

JM- Todo mundo gostava dele. Inclusive porque ele sempre foi um cara muito simpático e legal. Além disso, ele sempre foi um profissional talentoso. Infelizmente, faz muito tempo que eu não vejo ele.

Z- O que o senhor pode falar dos outros montadores que trabalharam com você?

JM- Olha, o Robertinho (Leme) trabalhou em um filme meu e nos demos muito bem. Inclusive, foi o Roberto quem indicou o Gilberto pra trabalhar comigo. O Eder Mazzini também era um grande profissional, tanto que sempre trabalhava com gente como o Toninho Meliande, Carlão Reichenbach. O Eder era considerado o papa da montagem na Boca. Mas eu me dei bem com todo mundo.
Z- O senhor acha que os técnicos são pouco lembrados no cinema brasileiro?

JM- Sim. Veja você: o diretor de fotografia, por exemplo, é uma figura endeusada no cinema americano. Aqui você fala: “Osvaldo Carcaça”, e te respondem: “Quem? Aquele pinguço”. Você pergunta de um Pio Zamuner e chamam de pinguço também. Não se lembram de gente como o falecido Claudião Portioli, do Moreiras. Grandes colegas. Só lembravam na hora de chamar para trabalhar. Nessa hora sempre se lembravam. O Miro Reis (eletricista) é outro filha da puta que uma vez me deu um baita de um susto (risos). Nós estávamos filmando num rio que dava numa cachoeira no Campestre (bairro turístico localizado em Santo André). Ele estava encaixando a câmera na parte debaixo da cachoeira. De repente, ele sumiu. Todo mundo da equipe ficou achando que ele tinha morrido afogado, alguma coisa assim. Eu era o diretor da fita e tinha total responsabilidade sobre tudo. Quando ouvi aquela voz dele foi uma alegria total (risos).

Filmografia

Dossiê Gilberto Wagner

Filmografia
Como montador:

1985- Hospital da Corrupção e Prazeres, de Rajá de Aragão
1983- Elas Só Transam no Disco, de Ary Fernandes
1983- O Círculo do Prazer, de Mário Vaz Filho
1983- Tensão e Desejo, de Alfredo Sternheim
1983- Taras Eróticas, de Ary Fernandes
1982- A Fábrica das Camisinhas, de Ary Fernandes
1982- Vadias Pelo Prazer, de Antônio Meliande
1982- As Vigaristas do Sexo, de Ary Fernandes
1982- A Primeira Noite de Um Adolescente, de Antônio Meliande
1982- As Vigaristas do Sexo, de Ary Fernandes
1982- A Menina e o Estuprador, de Conrado Sanchez
1982- Curral de Mulheres, de Antônio Meliande
1982- O Pecado Horizontal, de José Miziara
1981- O Paraíso Proibido, de Carlos Reichenbach
1981- As Prostitutas do Doutor Alberto, de Alfredo Sternheim
1981- Como Faturar a Mulher do Próximo, de José Miziara
1981- O Cassino das Bacanais, de Ary Fernandes
1980- O Império do Desejo, de Carlos Reichenbach
1980- Os Rapazes da Difícil Vida Fácil, de José Miziara
1980- As Intimidades de Analu e Fernanda, de José Miziara
1980- Orgia das Libertinas, de Ary Fernandes
1980- A Filha de Emmanuelle, de Osvaldo “Carcaça” de Oliveira
1980- O Convite Ao Prazer, de Walter Hugo Khouri
1980- A Prisão, de Osvaldo “Carcaça” de Oliveira
1979- Essas Deliciosas Mulheres, de Ary Fernandes
1979- Sexo Selvagem, de Ary Fernandes
1979- A Herança dos Devassos, de Alfredo Sternheim
1979- Eu Compro Essa Virgem, de Roberto Mauro
1979- Nos Tempos da Vaselina, de José Miziara
1978- Mulher Desejada, de Alfredo Sternheim
1978- Meus Homens, Meus Amores, de José Miziara
1978- Embalos Alucinantes, de José Miziara
1978- O Vigilante Rodoviário, de Ary Fernandes
1978- Fugitivas Insaciáveis, de Osvaldo “Carcaça” de Oliveira
1977- Escola Penal de Meninas Violentadas, de Osvaldo “Carcaça” de Oliveira
1977- Pensionato das Vigaristas, de Osvaldo “Carcaça” de Oliveira
1976- Guerra é Guerra, (episódio Núpcias com Futebol) de Ary Fernandes
1975- Quando Elas Querem…e Eles Não, de Ary Fernandes
1974- O Supermanso, de Ary Fernandes

Musas Eternas

Soledad Miranda

Por Felipe Guerra

Soledad é a palavra espanhola para “solidão”. Mas sua pronúncia e escrita lembram uma outra palavrinha em português: saudade. E é justamente este o sentimento que sempre me passa o nome de Soledad Miranda, provavelmente uma das maiores musas eternas de todos os tempos.

Nascida Soledad Rendón Bueno em 9 de julho de 1943, em Sevilha (Espanha), filha de pais portugueses, nossa musa eterna alimentava um sonho desde criança: ser estrela de cinema. Primogênita e com cinco irmãos, começou a trabalhar bem precoce para ajudar a família a conseguir o leitinho das crianças.

Como era sobrinha de uma famosa cantora e dançarina de flamenco – a espanhola Paquita Rico -, Soledad também começou a cantar e dançar, e aos 8 anos já se apresentava em palcos de feiras e pequenos teatros pela Espanha.

Aos 16 anos, ela finalmente resolveu seguir o sonho de ser atriz. Mudou-se para Madri e adotou o nome artístico Soledad Miranda. Graças ao talento como dançarina de flamenco, ela inicialmente conseguia pequenos papéis em filmes musicais, mas o estrelato tão almejado parecia cada vez mais distante.

Um de seus primeiros trabalhos no cinema foi como figurante não-creditada no melodrama em preto-e-branco Reina del Tabarín60), quando tinha 16 anos. O filme era sobre um boa-vida (interpretado por Yves Massard) que seduzia várias mulheres, até se apaixonar por uma dançarina de flamenco.

Mas o mais marcante da obra não foi a história, e sim o fato de ter marcado o encontro entre Soledad e um jovem ator, roteirista e diretor de Madri chamado Jesus Franco, ou Jess Franco. Anos depois desse primeiro e rápido trabalho juntos, seus caminhos se cruzariam outra vez para transformar a espanhola em estrela cult

Até 1964, Soledad participou de uma série de produções de baixo orçamento na Espanha e em Portugal, mas sempre com participações pequenas e frustrantes.

Um dos raros pontos altos dessa primeira fase da sua carreira foi o (hoje esquecido) épico espanhol El Valle de las Espadas (1963), de Javier Setó, em que teve a oportunidade de atuar ao lado de um ídolo adolescente da época, o norte-americano Frankie Avalon, mais conhecido pelas filmes de praia que estrelou nos EUA.

Mas Soledad estava decepcionada com sua “carreira”. Ela queria ser protagonista e só ganhava pequenos papéis.

Ainda em 64, enquanto filmava Un Día en Lisboa em Portugal (com direção de Alfonso Nieva), ela conheceu o piloto de automobilismo português José Manuel da Conceição Simões. O romance nas telas estendeu-se à vida real, e em 1966 eles se casaram.

O primeiro (e único) filho de José Manuel e Soledad, Antonio, nasceu em abril de 1967. Com isso, o pai abandonou o automobilismo para buscar um emprego mais seguro e estável na indústria de carros, enquanto a mãe temporariamente abandonou o cinema e adiou o sonho de ser estrela para cuidar do garoto.

Durante um tempo, Soledad foi apenas mãe. Mas, em 1968, recebeu um convite para trabalhar numa grande produção norte-americana, o faroeste 100 Rifles, de Tom Gries. Novamente, ela teria apenas um pequeno papel (foi creditada como “garota no hotel”), mas trabalhou ao lado de astros como Burt Reynolds, Jim Brown e Raquel Welch.

O ponto de virada na vida e na carreira da atriz aconteceu em 1969. Jess Franco, aquele prolífico cineasta para quem ela fez uma ponta não-creditada quase uma década antes, nunca esqueceu do olhar hipnotizante de Soledad.

Ao preparar uma nova adaptação para o cinema do livro Drácula, de Bram Stoker, Franco resolveu convidar Soledad para o papel de Lucy Westenra, a melhor amiga vampirizada da protagonista. Assim, em O Conde Drácula (1970), ela finalmente teve bastante tempo em cena interagindo com um elenco de astros – como Klaus Kinski, Herbert Lom e Christopher Lee (interpretando Drácula, obviamente).

Este foi o início de uma bem-sucedida associação com Franco, que elegeu Soledad Miranda sua musa oficial. Durante o ano de 1970, o incansável realizador chamou-a para outros seis filmes, finalmente realizando o sonho da moça de ser protagonista, em obras hoje clássicas como Vampyros Lesbos, Eugénie de Sade, Pesadelos Noturnos e Ela Matou em Êxtase.

Como quase todos os filmes foram feitos na Alemanha, produzidos por Karl Heinz Mannchen, Soledad resolveu mudar seu nome espanhol para outro mais “europeu”, adotando o pseudônimo Susann Korda.

Tudo parecia encaminhar-se para um final feliz: casada, com um filho e finalmente estrelando filmes ao invés de apenas fazer figuração, a moça recebeu a notícia de que o produtor de Franco queria assinar um contrato de dois anos com ela para a realização de novas obras. Vantajoso, o contrato também lhe garantia um cachê muito maior do que aquele que vinha recebendo.

Finalmente, Soledad Miranda seria uma estrela de cinema.

Em agosto de 1970, às vésperas da assinatura do contrato, o destino foi cruel com a jovem atriz: ela e o marido aproveitavam um raro final de semana de folga em Portugal quando envolveram-se num acidente de carro, batendo violentamente contra um caminhão. José Manuel, que dirigia, escapou com ferimentos leves, mas Soledad sofreu ferimentos gravíssimos no crânio e na espinha.

Ela foi levada ainda com vida, em coma, para o Hospital de São José, em Lisboa, onde morreu horas depois sem nunca recobrar a consciência, aos 27 anos de idade. Deixou inacabado o último filme que estava estrelando para Jess Franco, Der Teufel kam aus Akasava (aka The Devil Came from Akasava), que seria completado com a ajuda de uma dublê e lançado em 1971.

Numa daquelas trágicas e irônicas coincidências do destino, o acidente que matou Soledad aconteceu na Estrada Costa do Sol, entre Lisboa e Estoril, no litoral português. Foi a mesma estrada em que a atriz filmou uma cena de Un Día en Lisboa seis anos antes, quando conheceu o futuro marido!

Há vários elementos dramáticos na saída de cena de Soledad Miranda, como o fato de ela ter sido sepultada em segredo, sem funeral, num túmulo anônimo de um cemitério de Lisboa. Ou ainda a possibilidade de que ela nunca tenha visto nenhum dos filmes de Jess Franco que estrelou, já que quase todos foram finalizados e lançados apenas após sua morte.

Sobre esse último boato, Franco esclareceu, em entrevista recente, que a atriz na verdade viu todos os seus filmes antes de morrer, inclusive cenas dos que não estavam concluídos. Mas eu arriscaria dizer que o cineasta estava apenas tentando suavizar o caso: Soledad Miranda provavelmente morreu sem nunca ter se visto como protagonista na tela grande – até porque seu grande papel como estrela, Ela Matou em Êxtase, chegou aos cinemas no ano seguinte à sua morte, em 1971.

Logo, foi apenas postumamente que Soledad realizou seu sonho de tornar-se estrela de cinema. Hoje, é uma autêntica celebridade cult, respeitada e admirada por uma legião de fãs de todas as gerações. E é impossível dissociar filmes como Vampyros Lesbos da imagem hipnótica da belíssima atriz espanhola.

Infelizmente, em vida ela nunca alcançou fama e notoriedade no seu país de origem, a Espanha, já que a censura proibia o lançamento dos filmes de Franco por lá devido ao seu forte teor erótico. Ela lamentou, numa de suas últimas entrevistas, o fato de ter se convertido em “uma atriz alemã” (já que as produções com Franco foram filmadas na Alemanha), ao invés de estar trabalhando na Espanha, como queria.

Sempre que me lembro de Soledad Miranda, a primeira imagem que me vem à cabeça é a do clássico Ela Matou em Êxtase. É difícil sequer imaginar este filme sem a atriz no papel principal.

Na trama, para quem nunca viu, Soledad interpreta uma viúva que se vinga daqueles que considera responsáveis pelo suicídio do marido: ela seduz as vítimas, homens e mulheres, e então as mata no momento do sexo.

Eu escrevi sobre o filme para o site Boca do Inferno (leia em http://bocadoinferno.com/artigos/soledad-puro-extase), quando observei o fato de que as futuras vítimas da personagem, mesmo sabendo qual será seu terrível destino após as primeiras mortes, entregavam-se à sedução e à morte sem pestanejar, como aqueles insetos cuja fêmea mata o macho na hora do orgasmo.

Fica, assim, a imagem de que Soledad Miranda é maior e mais forte do que a morte.

Saudade, Soledad…

PS: Para quem quiser saber mais sobre a curta carreira da musa, e ainda conferir uma gigantesca coleção de fotos suas, sugiro o fantástico fan site Sublime Soledad (http://www.soledadmiranda.com/index.html), um justo tributo a uma musa eterna digna desse título.

 

Felipe M. Guerra é jornalista e cineasta independente. Escreve no Boca do Inferno  e está para lançar seu novo filme, Entrei em Pânico ao Saber o que vocês fizeram na sexta-feira 13 do verão passado – parte 2  – A  Hora da Volta da Vingança dos Jorgos Mortais de Halloween.