Os Trapalhões e o Rei do Futebol

Especial Futebol no Cinema Brasileiro

Os Trapalhões e o Rei do Futebol
Direção: Carlos Manga
Brasil, 1986.

Por Leandro Caraça, especialmente para a Zingu!*

Ano da segunda Copa do Mundo realizada no México, 1986 também marcou o encontro entre duas das maiores instituições brasileiras: o quarteto dos Trapalhões e Edson Arantes do Nascimento. Na verdade, são três grandes instituições, uma vez que temos Carlos Manga no comando deste, que é seu último longa metragem até o momento. Em Os Trapalhões e o Rei do Futebol, Cardeal (Didi), Elvis (Dedé), Fumê (Mussum) e Tremoço (Zacarias) são roupeiros do Independência Futebol Clube, time que passa por uma transição de poder, disputada por Dr.Velhaccio (José Lewgoy) e Dr.Barros Barreto (Milton Moraes). A rusga entre os dois cartolas acaba resultando na promoção de Cardeal ao posto de técnico da equipe. Não passará de um joguete político. Se o Independência ganhar os seus jogos, Barreto será favorecido. Se for mal, Velhaccio é quem sairá ganhando. Além dos três companheiros, Didi também terá como aliados o repórter esportivo Nascimento (Pelé) e Aninha, a jovem responsável pela lanchonete da sede do clube, interpretada por Luíza Brunet.

Para um filme com futebol no título e Pelé no elenco, Os Trapalhões e o Rei do Futebol demora muito tempo para mostrar cenas desse esporte, o que de fato só acontece dez minutos antes do final. Para complicar um pouco mais, nem pode ser vista entre as melhores produções dos Trapalhões. As piadas são poucas e a trama dá mais atenção às cartolagens do que aos jogos em si. Dá para destacar o primeiro treino comandado por Cardeal, em que os jogadores precisam fugir de cachorros e capturar galinhas (no melhor estilo Rocky Balboa). A sequência musical, regada com samba e mulatas cheias de saúde, é outro ponto alto. Chega até a compensar a horrível trilha sonora de Sergio Saraceni, que parece ter sido composta para jantares em churrascaria e transas em motéis. O filme em si diz a que veio quando Dedé, Mussum, Zacarias e Pelé vão resgatar Aninha, sequestrada por Mauricio do Valle a mando de Velhaccio. Depois do divertido quebra-pau, segue a esperada partida de futebol, com Pelé atuando no gol (?!?) e Didi jogando na linha. Renato Aragão faz a festa, com direito a gol contra, mão na bola, gol de cabeça (depois de bater ele mesmo o escanteio) e até um lindo tento do meio do campo. Isso nem Pelé conseguiu. Ou será que conseguiu? Assistam para descobrir.

*Leandro Caraça é pesquisador de cinema de gênero. Colabora com o blog O Dia da Fúria e mantém o blog Viver e Morrer no Cinema.

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