Especial Carlos Coimbra
O Santo Milagroso
Direção: Carlos Coimbra
Brasil, 1966.
Por Matheus Trunk
A trajetória do diretor Carlos Coimbra (1925-2007) dentro do cinema paulista é exemplar. Artesão cuidadoso, este realizador dirigiu longas-metragens de diversos gêneros. Sua parceria com o produtor Osvaldo Massaini rendeu filmes que tiveram êxito na parte comercial. Infelizmente, trabalhando sozinho, Coimbra não teve a mesma sorte. Dentro de sua filmografia encontramos duas comédias (O Santo Milagroso e Se meu dólar falasse).
Baseada numa peça de Lauro César Muniz, O Santo é uma divertida fita produzida pela poderosa Cinedistri. A trama gira em torno de uma rivalidade entre um padre (Leonardo Villar) e um pastor (Dionísio Azevedo) numa pequena cidade interiorana. O conflito acontece quando o sacristão (Geraldo Del Rey) começa a namorar a filha do pastor (Vanja Orico). Vendo por cima, pode parecer que o argumento é datado. Afinal, Hollywood já fez diversos filmes que tratam de amores impossíveis. Mas esta é uma comédia que resistiu bem ao tempo. Uma série de confusões irá acontecer até que o romance seja descoberto pelos religiosos.
Este é um exemplar de um tipo de cinema brasileiro que está em extinção. Trata-se da comédia popular sem malícia. O Santo Milagroso não possui humor apelativo ou piadas de baixo calão. Essas que são praticadas em programas televisivos como Zorra Total. Embora pareça popular, este é uma atração de teor claramente popularesco.
Terminado o filme, percebemos que assistimos uma comédia elegante e ingênua. Este longa parece aquelas comédias de humor social de De Sica. Uma pena que o cinema brasileiro atual não tenha mais espaço para esse tipo de gênero cinematográfico.