A Madona de Cedro

Especial Carlos Coimbra


A Madona de Cedro
Direção: Carlos Coimbra
Brasil, 1968.

Por Adilson Marcelino

A Madona de Cedro foi dirigido por Carlos Coimbra pouco antes do cineasta encerrar seu ciclo do cangaço- já havia realizado A Morte Comanda o Cangaço (1960), Lampião, o Rei do Cangaço (1962), Cangaceiros de Lampião (1966), e voltaria ao gênero com Corisco, o Diabo Loiro (1969), depois de A Madona.

Grande produção para a época – recebeu dinheiro da distribuidora Metro pela nova lei de investimento de empresas estrangeiras no cinema nacional  -, o que salta aos olhos de imediato vendo o filme é a semelhança com O Pagador de Promessas realizado em 1962 por Anselmo Duarte. O tema religioso, a presença de Leonardo Villar – o mesmo de O Pagador –  como protagonista e até a participação do próprio Anselmo reforça isso tudo. Soma-se a esses fatores, a presença de Oswaldo Massaini como produtor, que também assinara a produção do vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Ainda assim, A Madona de Cedro, adaptado do romance homônimo de Antônio Callado, mantém o interesse, sobretudo, pelo domínio técnico do cineasta na condução de sua trama, mesmo que haja um acento hipérbole na sua narrativa. O filme conta a história de Delfino (Leonardo Villar), um morador da cidade histórica mineira Congonhas do Campo, que é pressionado a associar-se a uma quadrilha para roubar a tal madona do título, uma relíquia do santuário local. Só que o remorso vai corroer Delfino e novos desdobramentos acontecerão devido à atitude que irá tomar.

A Madona de Cedro tem destaque no elenco para a presença de Leila Diniz, que interpreta Marta, a esposa de Delfino, em registro mais dramático e desassociado a sua sensualidade nata. Destaque também para Sérgio Cardoso fugindo da pecha de galã e dando vida ao escroque sacristão Pedro.