Especial Francisco Di Franco
As Cariocas
Direção: Walter Hugo Khouri
Brasil, 1966.
Por Ailton Monteiro
Dos três segmentos de As Cariocas, o de Walter Hugo Khouri é o que menos parece se importar com uma narrativa convencional. Seu curta tem um brilho diferente e lembra os trabalhos que fizeram a fama de Michelangelo Antonioni, como A Noite, por exemplo. Isso porque o cineasta preferiu adotar um andamento mais lento e um final que tem algo de sereno, sem cara de final até, mas por isso mesmo poético, bonito, distinto da comicidade dos episódios de Fernando de Barros e Roberto Santos. Quem quiser conferir uma versão com humor dessa história de Sérgio Porto pode conferir “A Noiva do Catete”, dirigida por Daniel Filho para a série As Cariocas (2010), da Rede Globo.
Na versão de Khouri, a protagonista, vivida pela bela Jacqueline Myrna, vai se mostrando aos poucos para o espectador. Primeiro a vemos abrir os olhos, acordando para um novo dia, preparando o café e o banho, para então receber um homem. Depois, vemos que ela tem mais dois homens em sua vida. E que é noiva de um deles, que está doente. E de quem trata com todo o carinho. O interessante é que é difícil julgar a personagem, de tão amorosa que é. Khouri nem mesmo a vê como uma mulher interesseira, que quer se aproveitar do homem mais velho, que a sustenta. Na rua, durante o dia, ela parece flanar, lânguida e bela, mas também carregada de uma melancolia já característica dos filmes de Khouri, o que a torna ainda mais interessante.
Francisco Di Franco aparece no segmento em pequeno papel e ainda utilizando o nome Francisco de Souza.