Sexo, Sua Única Arma

Dossiê Ewerton de Castro

 

Sexo, Sua Única Arma
Direção: Geraldo Vietri
Brasil, 1981.

Por Ronald Perrone

Sexo, Sua Única Arma é o último trabalho para cinema do paulistano Geraldo Vietri. Apesar de não ser o seu melhor filme, não deixa de ser uma despedida digna desse grande autor do cinema nacional, que depois dedicaria o restante da carreira em séries televisivas, antes de morrer em 1996. Sua derradeira obra cinematográfica estabelece uma interessante ligação com o clássico italiano Teorema (68), guardando, obviamente, as devidas proporções e diferenças. O roteiro, escrito pelo próprio Vietri, possui vários pontos em comum com o filme de Pasolini, narrando a história de uma família italiana abastada de uma pequenina cidade no interior de São Paulo, a qual recebe uma visitante misteriosa que abala suas estruturas.

O anjo diabólico, na verdade, é a bela e jovem cega Marta, na pele de Selma Egrei. Não se sabe de onde veio nem suas intenções naquela casa, mas o fato é que acaba causando uma forte atração sexual por parte dos homens da família. E a sua deficiência visual não parece empecilho para que sirva de catalisadora sexual, jogando todo seu charme sedutor e fazendo do sexo um instrumento de destruição e vingança.

A grande sacada de Geraldo Vietri em Sexo, Sua Única Arma foi reunir e deixar brilhar um elenco de primeira categoria, realizando sua habitual e excelente direção de atores. É um drama erótico impiedoso, de personagens fortes e bem construídos, como é o caso de Marta, versão feminina do anjo Terence Stamp em Teorema. O filme serve também para que Vietri reunisse novamente Selma Egrei e Ewerton de Castro, que interpreta um dos membros da família, que embora seja padre, também não consegue fugir do laço sedutor da moça. O ótimo elenco ainda se completa com nomes importantes da televisão e cinema brasileiro, como Serafim Gonzales, Geórgia Gomide, Leonor Lambertini, Arlete Montenegro e Douglas Mazolla.

O olhar minucioso de Vietri, mais uma vez, aponta o alvo na hipocrisia da instituição familiar, revelando alguns podres escondidos por trás das aparências. Tudo isso estruturado num belo filme de vingança, embora vale ressaltar que Sexo, Sua Única Arma seja pequeno se lembrarmos os trabalhos anteriores do diretor, Os Imorais e Adultério por Amor, que possuem um mesmo background temático. Mesmo assim, vale uma assistida, nem que seja para ver o espetáculo de atuações que Vietri conduz com maestria.