Inventário Grandes Musas da Boca

Nydia de Paula

 

Por Adilson Marcelino

Ainda que a produção da Boca do Lixo, em São Paulo, seja infinitamente maior, também no Rio de Janeiro o cinema popular fez história revelando talentos atrás e a frente das câmeras. Daí, era comum deusas que circulavam pelas duas geografias terem se tornado musas dos dois pedaços. Como a carioca Nydia de Paula.

Nydia de Paula nasceu em 28 de agosto de 1949, em  Lages do Muriaé, Rio de Janeiro – em outra fonte consta que foi em cidade vizinha.

A carreira artística começou por acaso, quando descoberta nas praias cariocas, tornando-se manequim. Um dos desfiles foi no Programa Flávio Cavalcanti, quando venceu o concurso A Garota da Capa, da Revista Cruzeiro – mas já antes dela já causou furor na capa de Fatos e Fotos.

Essa carreira de modelo fotográfico faria de Nydia de Paula uma das mulheres mais desejadas do país, pois ilustrou inúmeros calendários daqueles gigantes da Pirelli que enfeitavam dez entre dez oficinas mecânicas espalhadas pelo país e faziam a alegria dos marmanjos, além de se tornar objeto marcante do imaginário popular brasileiro.

A estreia no cinema foi em Missão: Matar, em 1972, produção carioca dirigida por Alberto Pieralisi. E é no Rio de Janeiro que Nydia de Paula vai rodar seus primeiros filmes: Tormento: A Sombra de Um Sorriso (1972), de Ozen Sermet; e Um Virgem na Praça (1973), de Roberto Machado.

Nesta época, um dos destaques em solo carioca é no interessante filme do ator e diretor Paulo Porto, As Moças Daquela Hora (1973), em que jovens vivenciam situações adversas que acabam carimbando seus passaportes para o território de uma cafetina.

A estreia de Nydia de Paula nos domínios da Boca do Lixo se dá em Como Evitar o Desquite (1973), dirigido por Konstantin Tkaczenko. Protagonizado por Roberto Bataglin e pela musa Suely Fernandes, o filme tem na trama as desavenças de um casal às voltas com a infidelidade. A atriz marca presença como a chefe da Olho por Olho, uma agência de investigações,  em que o maridão bate á porta para tentar resolver seu caso.

Nydia de Paula passa então a circular entre a produção carioca e paulista. No Rio de Janeiro atua nos filmes Os Mansos (1973), em episódio de Braz Chediak; Um Varão Entre as Mulheres (1974), de Victor di Mello; o ótimo Ainda Agarro Esta Vizinha (1974), de Pedro Carlos Róvai; Costinha e o King Mong (1977), de Alcino Diniz; O Homem de Seis Milhões de Cruzeiros Contra as Panteras (1975/78), de Luis Antonio Piá.

Já na Boca do Lixo, Nydia de Paula brilha em vários filmes, alcançando o posto de musa amada e desejada.

Em Trote dos Sádicos (1974), uma produção da Servicine dirigida por Aldir Mendes, Nydia integra a turma de veteranos que barbariza os calouros em uma universidade com trotes que vão ficando cada vez mais violentos. Já em O Supermanso (1974), encontra o cinema do grande Ary Fernandes, que já realizara a série cult O Vigilante Rodoviário e mais alguns outros tantos longas.

Nydia de Paula é um chamariz tão grande de público, que em O Sexualista (1975), de Egydio Eccio, faz apenas uma participação fazendo um strip tease, mas isso não a impede de ter destaque no cartaz do filme protagonizado por Agildo Ribeiro, Rogéria e pela musa Nadyr Fernandes.

E é o ator e cineasta Egydio Eccio que reserva um de seus melhores papéis para a atriz em O Leito da Mulher Amada (1975).

O filme em episódios Cada Um Dá o Que Tem (1975) reúne os talentos dos cineastas Adriano Stuart, John Herbert e Sílvio de Abreu nesta produção de Aníbal Massaíni Neto.

Nydia, que está belíssima, atua em Uma Grande Vocação, de Silvio de Abreu. Na trama, Ewerton de Castro está a caminho do seminário, mas antes passa um final de semana na casa de parentes. O que ele não imaginava é que cairá em um verdadeiro covil, onde circulam deusas como Suzana Gonçalves, Meiry Vieira, Matilde Mastrangi, Tânia Caldas e a própria Nydia, a priminha com quem brincava de médico quando criança e que agora abraçará sua bíblia para tentar se afastar da tentação.

1979 marca os últimos filmes de Nydia de Paula, dessa vez em títulos de dois dos mais importantes cineastas da Boca, os veteranos Carlos Coimbra e José Miziara.

Com Carlos Coimbra, Nydia atua no épico O Caçador de Esmeraldas, filme produzido por Aníbal Massaini Neto sobre a bandeira de Fernão Dias Paes Leme, interpretado por Joffre Soares. Aqui, Nydia é uma índia capturada e alçada ao posto de amante de José Dias, o filho bastardo de Fernão, interpretado por Roberto Bonfim.

Já com Miziara, faz pequena,  mas marcante participação em Nos Tempos da Vaselina, como a garota do pôster que povoa as fantasias de João Carlos Barroso, que se alivia em uma bananeira, em uma divertida associação com os delírios que atriz provocou em muita gente com seus calendários sensuais.

 

Filmografia

Missão: Matar, 1972, Alberto Pieralisi
Tormento: A Sombra de Um Sorriso, 1972, de Ozen Sermet
Um Virgem na Praça, 1973, de Roberto Machado
As Moças Daquela Hora, 1973, de Paulo Porto
Como Evitar o Desquite, 1973, de Konstantin Tkaczenko
Os Mansos, 1973, em episódio de Braz Chediak
Um Varão Entre as Mulheres, 1974, de Victor di Mello
Ainda Agarro Esta Vizinha, 1974, de Pedro Carlos Róvai
Trote de Sádicos (1974), de Aldir Mendes
O Supermanso, 1974, de Ary Fernandes
O Sexualista, 1975, de Egydio Èccio
O Leito da Mulher Amada, 1975, de Egydio Éccio
Cada Um Dá o Que Tem, 1975, em episódio de Sílvio de Abreu
Costinha e o King Mong, 1977, de Alcino Diniz
O Homem de Seis Milhões de Cruzeiros Contra as Panteras, 1975/78, de Luis Antonio Piá
O Caçador de Esmeraldas, 1979, de Carlos Coimbra
Nos Tempos da Vaselina, 1979, de José Miziara