Por Adilson Marcelino
Desde a época muda que o cinema nacional vem construindo mitos. E com certeza, Eva Nil é uma das maiores musas dessa fase do cinema brasileiro.
Belíssima, a atriz foi uma das estrelas do ciclo Cataguases, pequena cidade mineira e importante pólo de cinema na década de 1920, cujo astro maior é o genial cineasta Humberto Mauro.
Eva Nil nasceu em 25 de junho de 1909, no Cairo, Egito, mas veio com seus pais com apenas seis anos de idade para o Brasil, quando aqui sua família chegou em 1914.
A família veio morar e trabalhar em uma colônia italiana, país de origem de seu pai Pedro Comello, na aconchegante Cataguases, mas logo se radicou na cidade mineira.
Com o pai, Eva se interessa pelo universo da fotografia, trabalhando junto a ele no estúdio que montou.
Mas é a amizade, e, posteriormente, a sociedade entre seu pai e o jovem Humberto Mauro que selaria o destino de pai e filha no cinema, e que reservaria para ela o posto irrefutável de musa dos anos 20.
Eva Nil estreou nas telas em Valadião, o Cratera, curta realizado pelo pai e por Humberto Mauro, em 1925. No filme, ela é a protagonista Eva, a mocinha da fita que sofre nas mãos do vilão Cratera até ser salva pelo herói romântico.
Logo depois, Comello, Mauro e o comerciante Agenor Gomes de Barros fundam a Phebo Sul América Film, cujo primeiro filme é o longa longa-metragem Na Primavera da Vida (1926), dirigido por Humberto Mauro, e mais uma vez com Eva Nil como protagonista, desssa vez vivendo a personagem Margarida.
O desempenho da atriz chama a atenção do jornalista, cineasta e futuro fundador do estúdio Cinédia, no Rio de janeiro, Adhemar Gonzaga, que alça a atriz ao posto de estrela na Revista Cinearte.
Após desentendimentos com Humberto Mauro, Eva Nil abandona Thesouro Perdido, filme dirigido por ele e no qual seria a protagonista. Sua próxima atuação será no curta Senhorita Agora Mesmo (1927), dirigido pelo pai, que saíra da Phebo e fundara a Atlas Film. Mas uma vez ela é a heroína cercada por vilões e mocinho, mas agora com tintas de uma mulher mais moderna.
Seu filme seguinte é o clássico Barro Humano, dirigido no Rio de Janeiro por Adhemar Gonzaga, que a convida para dar vida à personagem Diva, irmã do protagonista vivido por Carlos Modesto.
Barro Humano foi o último filme de Eva Nil, que abandonou o cinema no auge da fama, dedicando-se à fotografia e assumindo, em Cataguases, o estúdio do pai depois que ele faleceu.
Eva Nil morreu na cidade em 1990, aos 81 anos, deixando sua marca de musa eterna do cinema brasileiro.
Filmografia
Valadião, o Cratera, 1925, curta de Humberto Mauro e Pedro Comello
Na Primavera da Vida, 1926, de Humberto Mauro
Senhorita Agora Mesmo, 1928, curta de Pedro Comello
Barro Humano, 1929, de Adhemar Gonzaga
Fontes:
– Enciclopédia do Cinema Brasileiro – orgs. Fernão Ramos e Lui Felipe Miranda
– Dicionário de Filmes Brasileiros – Longas-metragens – Antonio Leão da Silva Netto
– Site Mulheres do Cinema Brasileiro