Inventário Grandes Musas da Boca

Valéria Vidal

Por Adilson Marcelino

A Margem é filme mítico e divisor de águas no cinema brasileiro. Não só revelou o talento extraordinário do cineasta Ozualdo Candeias, como sinalizou para um modelo de produção e de temática. E, claro, revelou Valéria Vidal como musa da Boca do Lixo.

Valéria Vidal nasceu em 11 de janeiro de 1935, em Natal, Rio Grande do Norte. E foi pelas mãos de Candeias que inscreveu seu nome na história do cinema nacional.

Em 1967, Candeias sacudiu o cinema brasileiro com A Margem. Desconcertante, poético e metafísico, o filme foi fracasso de bilheteria, mas sucesso absoluto de crítica e, até hoje, só faz crescer em cada reavaliação.

Ao focalizar sua história de excluídos às margens do rio Tietê, em São Paulo, o cineasta escalou Valéria Vidal, que não tinha experiência como atriz, para um dos personagens-chave do filme.

A Atriz marcou para sempre não só o filme, mas toda a cinematografia brasileira – como esquecer sua prostituta, seu abandono e seu sonho abortado do casamento de véu e grinalda?

Por sua interpretação, Valéria Vidal ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pelo Instituto Nacional de Cinema de 1967, que também premiou o diretor e a música de Luiz Chaves.

Ainda pelo filme, a atriz recebeu também menção honrosa no Festival de Brasília.

Depois de A Margem, Valéria Vidal atuou no sucesso de bilheteria O Cangaceiro Sanguinário, de Osvaldo de Oliveira, em 1969.

Produzido pela Servicine, O Cangaceiro Sanguinário revelou também o talento de Osvaldo de Oliveira como cineasta, pois antes dirigira apenas um episódio do seriado Vigilante Rodoviário – como fotógrafo já era mestre.

Em O Cangaceiro Sanguinário, Valéria Vidal tem papel de destaque ao lado de Maurício do Valle, em filme que conta com ótimo elenco: Isabel Cristina, Carlos Miranda, Joffre Soares, Sérgio Hingst e John Herbert.

O filme seguinte da atriz é, mais uma vez, revelador de outro cineasta. Dessa vez, Silvio de Abreu, que estreia como cineasta com Gente que Transa, filme protagonizado por Adriano Reys e Carlos Eduardo Dolabella, dois dirigentes de jornais rivais que disputam uma concessão de TV.

Por fim, Valéria Vidal atua em filme de outro nome fundamental da Boca do Lixo: o cineasta Francisco Cavalcanti. E também com ele, marca presença em um de seus primeiros trabalhos, o filme Mulheres Violentadas, realizado em 1977.


Filmografia
A Margem, 1967, de Ozualdo Candeias
O Cangaceiro Sanguinário, 1969, de Oswaldo de Oliveira
Gente que Transa, 1974, de Sílvio de Abreu
Mulheres Violentadas, 1977, de Francisco Cavalcanti