Célia Olga Benvenutti
Por Adilson Marcelino
Com poucos filmes no currículo, mas com atuações arrebatadoras, Célia Olga Benvenutti é uma das musas da Boca do Lixo.
Célia Olga Benvenutti começou a carreira no teatro – fez a EAD – Escola de Arte Dramática;. Durante os anos 1970 e 1980 também atua em novelas na Record, Cultura e SBT, respectivamente, Pingo de Gente (1971), de Raimundo Lopes; Vento do Mar Aberto; (1981), de Mário Prata; Jogo do Amor (1985), de Azis Bajur. Mas é no cinema que seu talento vai explodir nas telas.
O primeiro filme, A Virgem, foi dirigido por Dionísio Azevedo, em 1973. O filme é protagonizado por Nádia Lippi, que também faz sua estreia nas telas. Ela é Lenita, uma jovem que tem sua virgindade disputada no palitinho pelo namorado, interpretado por kadu Moliterno, e seus amigos.
O filme reúne uma turma de amigos que praticam os ideais de liberdade e de amor livre, conceito personificado no modo de vida dos rapazes e suas namoradas. No elenco, Nuno Leal Maia, Alexandre Rodovani e Tony Tornado, e as beldades Nadir Fernandes, Miriam Mayo e Célia Olga Benvenutti.
A interpretação luminosa de Célia Olga carimba seu passaporte para o maior papel de sua carreira, o de Lilian M. em Liliam M.: Relatório Confidencial, de Carlos Reichenbach.
Cultuado filme de Carlão, Liliam M. ficou anos anos longe do público, até que a Lume lançou o filme na Coleção Cinema Marginal, um dos maiores acontecimentos cinematográficos dos últimos anos em termos de resgate de memória.
Incensado por gerações de críticos e de cinéfilos pelo domínio de cena de Reichenbach, que mistura vários gêneros em seu filme, Lilian M.: Relatório Confidencial possibilitou á Célia Olga Benvenutti mostrar todo o seu talento, já que é a protagonista absoluta. Na trama ela é um dona de casa que abandona o lar, o marido lavrador e os filhos para seguir um mascate, mas depois de um acidente se vê sozinha em São Paulo, onde se envolve com outros homens.
Lilian M: Relatório Confidencial fez sensação no Festival de Rotterdam, na Holanda, carimbando também a descoberta internacional do cinema de Carlos Reichenbach – o filme foi exibido também na França e na Bélgica.
Liliam M. faturou ainda o prêmio APCA de Melhor Roteiro em 1975; o Prêmio Especial de Realização – Prêmio Governador do Estado de São Paulo 1975.
Em entrevista à mítica Revista Cinema Em Close-up, bíblia dos cinéfilos dos anos 1970, Carlos Reichenbach contou que tinha abandonado o argumento de Lilian M durante anos. Quando retomou, escreveu o roteiro pensando em Joana Fomm, mas não pode contar com a atriz, que à época das filmagens estava grávida. Desestimulado, pois o filme requeria uma grande atriz, já que o filme gira em torno da personagem, pensou em abandonar novamente o projeto quando um amigo indicou o nome de Célia Olga Benvenutti. O resultado é um tour de force da atriz, neste que é um verdadeiro cult.
O que parecia ser a consagração definitiva da atriz nas telas não se confirmou, pois Célia Olga atua somente em mais três filmes, todos eles realizados na década de 80.
Por que as Mulheres Devoram os Machos é uma produção paulista de 1980, dirigida por Allan Pek, em três espisódios, reunindo as beldades Vera Gimenez, Ana Maria Kreisler e Célia Olga.
O Gosto do Pecado reúne alguns dos nomes mais talentosos da Boca do Lixo: Cládio Cunha na direção; Inácio Araújo na assistência de direção; Carlos Reichenbach na fotografia e na câmera; Cunha, Araújo e Jean Garret no roteiro. No filme, Célia Olga Benvenutti é uma das clientes do protagonista, o advogado Julio Garcia, interpretado por Jardel Mello.
E Por fim, Célia Olga Benvenutti atua em As Meninas de Madame Laura, único filme dirigido pelo produtor mineiro radicado na Boca, Ciro Carpentieri.
A Virgem (1973), de Dionísio de Azevedo
Lilian M.: Relatório Confidencia (1974/75)l, de Carlos Reichenbach
Por que as Mulheres Devoram os Machos (1980), de José Alexandre
O Gosto do Pecado (1980), de Cláudio Cunha
As Meninas de Madame Laura (1981), de Ciro Carpentieri Filho