Dossiê Inácio Araújo
O Jeca Macumbeiro
Direção: Amácio Mazzaropi e Pio Zamuner
Montagem: Inácio Araújo
Brasil, 1974
Por Leando Caraça
O caboclo Pirola (Mazzaripi) recebe a visita de compadre Nhonhô, sem esperar que isso fosse complicar tanto a sua vidinha. O velho amigo, já sentido a morte se aproximar, deixa como presente para Pirola, um saco cheio de dinheiro. Nhonhô juntou a bufunfa para quando fosse casar, só que agora já é tarde demais. “Deus dá o saco, mas o diabo leva embora toda a farinha”, lembra Pirola ao pobre companheiro. Com medo de guardar a dinheirama em casa, o matuto deixa a fortuna aos cuidados do Coronel Januário (Joffre Soares), o manda-chuva local e também sogro de Pirola.
Completamente falido, Januário e sua esposa tentam de todos as formas desfazer o casamento de seu filho Mário (Ivan lima) com Filomena (Selma Egrei), a filha de Pirola. A intenção deles é que Mário se case com Ester (Maria do Roccio), a filha do maior credor do coronel. Para dar um basta na situação, Januário decide pegar para si a fortuna de Pirola.
Sem ter a quem pedir ajuda, já que é a sua palavra contra a do Coronel, Pirola resolve confrontar o seu inimigo no campo de batalha dele. Acontece que Januário, supostamente, também é pai-de-santo e costuma realizar sessões espíritas em sua residência – a farsa ajuda e muito a manter a população de local assustada e bem quieta. Pois é em uma dessas atividades mediúnicas, que Pirola vai encorporar (só de mentira) a entidade do Caboclo Chupa-Roia e dar sentido ao título do filme. O assunto será resolvido de fato, quando Mário descobrir a verdade por trás dos fatos e ajudar Filomena e seu pai.
O Jeca Macumbeiro foi a maior bilheteria da carreira de Amácio Mazzaropi, vendendo mais ingressos no Brasil do que diversos blockbusters americanos da época (como Inferno na Torre e Tubarão). Mazzaropi provou novamente que possuía um grande tino comercial ao juntar a figura do matuto com temas religiosos e sobrenaturais. Não é a toa que as produções posteriores do ator-cineasta também iam nessa onda (O Jeca Contra o Capeta, Jecão… Um Fofoqueiro no Céu, O Jeca e a Égua Milagrosa).
Leandro Caraça é pesquisador de cinema de gênero. Colabora com o blog O Dia da Fúria e mantém o blog Viver e Morrer no Cinema.