Sexo, Sua Única Arma

Dossiê Geraldo Vietri

Sexo, Sua Única Arma
Direção: Geraldo Vietri
Brasil, 1981

Por Adilson Marcelino

Em Sexo, Sua Única Arma, Selma Egrei protagoniza seu segundo filme com o cineasta e novelista Geraldo Vietri – é o último filme dele.

Na trama, ela é Marta, uma mulher que chega como hóspede um tanto indesejada na casa de uma família e bota a vida de todos de perna para o ar.

O filme começa com Marta em viagem de trem, em bela abertura ao som de canção-fetiche de Vietri. Ela é esperada na estação por Humberto, Serafim Gonzales, e aí ficamos sabendo que ela é cega. As informações são colocadas aos poucos, pois durante um bom tempo da narrativa não se sabe porque ela chegou àquela casa.

A família de Humberto é formada ainda por sua esposa Angelina – Leonor Lambertini, que desde o início demonstra claramente seu desgosto com a chegada da hóspede. Angelina comanda a família com mão de ferro e gosta de humilhar a nora Judite – Geórgia Gomide e seu neto, por ambos serem judeus. Há ainda outra nora, Anita – Arlete Montenegro, que vive com o marido e o filho adolescente Bruno – Douglas Mazolla. Tem também Tiago – Ewerton de Castro, filho do casal que se tornou padre.

Já no primeiro instante, Marta começa a seduzir todos os homens da casa, que ficam impactados com sua beleza e seu ar de mistério. Nem mesmo padre Tiago consegue fugir dos assédios de Marta, e é com o desenrolar da trama que vamos descobrindo a verdadeira identidade dela e seus reais motivos em estar na casa daquela família.

Em Sexo, Sua Única Arma, Geraldo Vietri une mais uma vez Selma Egrei e Ewerton de Castro, mas aqui sem atingir o ótimo resultado do filme anterior em que estiveram sob a batura do diretor, Adultério por Amor (1978).

A personagem de Selma Egrei é um misto do Terence Stamp de Teorema (1968), do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, que como um anjo chega em meio a uma família burguesa e seduz a todos, desestruturando cada um de uma maneira diferente.

Aqui, em Sexo, Sua Única Arma, os motivos são bem diferentes, mas é impossível não se lembrar da trama de Pasolini, nesse argumento e roteiro assinado por Geraldo Vietri – novamente, Vietri desempenha inúmeras funções, como sempre foi sua marca nas novelas da Tupi que dirigiu. Em Sexo, Sua Única Arma, ele está a frente do argumento, roteiro, direção, montagem e direção musical.

No filme, mais uma vez o cineasta conta com seus parceiros habituais: a produção é de Cassiando Esteves, e a fotografia é de Anthonio B. Thomé.

Selma Egrei, Ewerton de Castro, Serafim Gonzales e Leonor Lambertini estão, como sempre, muito bem dirigidos por Vietri. Mas o grande destaque do elenco é sem dúvida Arlete Montenegro, que tem aqui uma de suas melhores interpretações no cinema, como a magoada e rejeitada Anita.

Se a direção de atores é ótima, o mesmo não pode ser dito do roteiro, um tanto apressado na condução da trama, e também uma mão um tanto pesada de Vietri na condução do filme como um todo. Talento extraordinário que ele possuía, como pode ser visto nos dois filmes imediatamente anteriores, o maravilhoso e surpreendente Os Imorais (1979), e Adultério Por Amor (1978).