Dossiê Alfredo Sternheim
Eu conheço o Alfredinho desde 1973, quando fui aluno dele na FAAP. Desde esse tempo, eu sempre percebi que o Alfredo é uma pessoa muito justa, honesta e leal. Ele é um tipo de homem que briga pelos ideais de respeito, igualdade e justiça. Isso está impregnado nos filmes dele como no Sexo dos Anormais. Ele retrata na película pessoas que estão à margem da sociedade, como homossexuais, bissexuais e transexuais. Tudo isso sem deboche, sem descaso e retratando essas pessoas como parte do nosso cotidiano. Você veja o caso desse programa Big Brother, em que um transexual participou e deixou as pessoas tremidas. Estamos em 2011. Pois bem, o Alfredo já tratava desse tema em seus filmes em 1985. Como crítico de cinema, o Alfredo foi um defensor intransigente dos direitos humanos e do cinema paulista.
Ele teve brigas homéricas com o pessoal da Embrafilme, que fazia desapropriação de dinheiro público. Ele entrevistou gente conhecida internacionalmente como Fritz Lang e Marlene Dietrich. O Alfredo é um exemplo de caráter e é um dos meus maiores amigos. Ao longo dos anos, muitas pessoas mudam. Mas ele permaneceu com uma retidão notável.
Se ele tivesse prosseguido com os trabalhos na televisão, ele poderia hoje estar na Globo, por exemplo. Mas ele nunca quis abandonar o cinema. Essa é a grande paixão da vida dele. Ele também é um profundo conhecedor de ópera, música clássica e cinema japonês. Quando eu fui editar a Cinevídeo, chamei o Alfredo para colaborar por causa da cultura e do conhecimento dele. Durante os dois anos que a revista existiu, ele foi um colaborador muito ativo.
Edu Jancz (José Edward Janczukowicz), jornalista e crítico de cinema. Trabalhou com Alfredo Sternheim na revista Cinevídeo.