Dossiê Alfredo Sternheim
Brisas do Amor (Insaciável Desejo da Carne)
Direção: Alfredo Sternheim
Brasil, 1982
Por Matheus Trunk
Dentro de sua obra, o cineasta Alfredo Sternheim sempre teve um grande interesse pelo universo feminino e pelas atrizes. O espectador atencioso consegue perceber isso em quase todas as películas do diretor. Um filme diferente neste aspecto é Anjo Loiro, em que o protagonista é o professor Armando (Mário Benvenutti).
O diretor de fotografia Luiz Antônio de Oliveira, o Luizinho, trabalhou em três longas-metragens com Sternheim. Ele ressalta a atenção que o realizador sempre deu as atrizes: “O Alfredinho parecia o Khouri quando dirigia as atrizes. Mas ele não tinha essas coisas de chegar, alisar, fazer carinho e dar beijinho. Só isso que não tinha, porque o Walter tinha, ia lá, beijava a mulher, penteava o cabelo. O Alfredinho se impunha mais como diretor”.
Em Brisas do Amor (que foi lançado comercialmente como Insaciável Desejo da Carne), Sternheim iniciou uma parceria com a musa Sandra Graffi. Loira e de corpo escultural, a moça tornou-se uma das grandes sensações da Boca do Lixo em seu auge (1976-82). Ela é a protagonista deste filme quase todo rodado em um hotel no balneário de Mongaguá, no litoral sul de São Paulo. Graffi faz uma atriz de filmes eróticos que é perseguida por um fã obsessivo. Além dela, se hospedam no hotel outros personagens, como uma jovem que fica grávida precocemente (Eliana do Vale), um político fracassado (Luiz Carlos Braga), e sua ex-esposa que foi abandonada por adultério (Maria Stella Splendore).
Nesta película, Alfredinho tentou mesclar uma série de gêneros cinematográficos, como suspense, humor, romance e erotismo. O espectador habituado com os filmes da Rua do Triunfo irá gostar de Brisas. Realmente, esse não é um dos grandes trabalhos de Alfredinho, mesmo assim é uma película muito divertida e ousada para a época.
Dentro do elenco, se destacam a presença de Maria Stella Sploendore e Sônia Mamede. Ex-esposa do estilista Denner, a atriz Splendore foi um dos maiores símbolos sexuais no final dos anos 1960. Infelizmente, ela fez poucos filmes. Já Mamede era uma atriz veterana, que tinha atuado em uma série de chanchadas da produtora Atlântida. Este foi seu último longa-metragem.
Luizinho Oliveira foi o diretor de fotografia deste longa-metragem. Ele destaca a parceria existente entre Sternheim e a atriz Sandra Graffi: “Eles tiveram esse entrosamento e isso foi importante pro sucesso do filme. Ela era muito bonita e era uma menina em que você podia trabalhar. Em termos de direção, ela obedecia tudo que era exigido. Era uma menina que estava sempre esperta dentro do set de filmagem”.