A Quebra-Galho Sexual

Dossiê José Miziara

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A Quebra-Galho Sexual
Direção: José Miziara
Brasil, 1986.

Por Gabriel Carneiro

Há um certo alento em assistir aos filmes brasileiros de sexo explícito dos anos 1980. Claro, eram outros tempos, mas quem busca nessas produções apenas uma forma de contemplar o ato sexual e a exuberância dos corpos, pode se decepcionar. Ainda que A Quebra-Galho Sexual tenha exceções, o elenco feminino de tais filmes era, geralmente, muito abaixo das tradicionais produções eróticas. Em A Quebra-Galho Sexual há uma bela garota – a quebra-galho do título -, porém só vemos sua nudez. Ela não participa de nenhuma cena de sexo. Ah, o alento. Bem, o alento é que o período produziu ótimas comédias de costumes, que utilizam o sexo explícito apenas como mais uma parte da narrativa, muitas vezes descartáveis, mas que estavam lá por uma questão mercadológica. Bem, o que quero dizer com essa longa introdução é que vale a pena assistir a uma produção pornô da época, mesmo que a parte pornô não interesse.

quebra-galhoA-300x198Afinal, o que José Miziara faz em A Quebra-Galho Sexual é perceber os potenciais cômicos da realização pornográfica, entremeando com toda uma sorte de contos populares, para criar uma narrativa metalingüística muito bem humorada. Miziara faz o dono de uma loja de quebra-galhos, sejam quais for, desde o conserto de uma televisão, até conseguir que o amante copule com a moça em sua própria casa, onde o marido está. O segmento mais interessante é justamente a da realização de um filme de sexo explícito, em que o ator não consegue performar e precisa de uma quebra-galho sexual, que o atice.

A história é um grande achado, com várias tiradas, inclusive ao próprio ator, o Oásis Minitti, que interpreta ele mesmo. Minitti, que já foi considerado o maior astro do cinema pornô brasileiro, apresenta-se todo vaidoso quanto à sua persona de símbolo sexual, como, por exemplo, sua identificação com o público. O diretor sugere que use um dublê nas cenas de sexo, já que não consegue uma ereção, e ele prontamente refuta. Diz que seus fãs o conhecem pela genitália. Pouco depois, vemos o próprio Minitti falando com o personagem de Miziara. Ele conta toda a situação e diz ser Oásis Minitti. Miziara não acredita e o ator diz que vai provar: se vira de costas e abre as calças. Miziara então acredita.quebra-galho-3A-300x203

É por conta de gags como essas, repetidas ao longo de todo o longa-metragem, que o filme se destaca. O não se levar a sério é parte presente, apostando em atuações hiperbólicas. Estão no filme também o sábio uso do som que Miziara faz em comédias desde O Bem Dotado – O Homem de Itu (1978), usando o cartunesco para acentuar o valor humorístico. Feito com sobras de negativo, paralelamente a Oscaralho, o Oscar do Sexo Explícito, o mais indicado é que se assista A Quebra-Galho Sexual como sessão dupla. A diversão é garantida, ao menos se deixar os preconceitos com o gênero de lado.