Outros Curtas

Dossiê Carlos Reichenbach

Murilolendo

Outros Curtas

Por Filipe Chamy

Murilolendo

Direção: Carlos Reichenbach

Brasil, 1997.

Murilolendo é um curta-metragem de três minutos que Carlos Reichenbach fez a convite da TV Cultura. A idéia era fazer um pequeno filme sobre um tema caro a cada diretor do projeto, e Reichenbach aproveitou o pequeno espaço para homenagear seu poeta preferido, Murilo Mendes.

Filmado em Super-8, é uma coleta de pequenas coisas que lhe são importantes: poesia, família, amigos. Depoimentos (inclusive pessoal), versos, sons, pensamentos. É uma pequena demonstração de como as obras artísticas às vezes podem mudar nossas mentes e espíritos. Um espaço de singeleza, embalado por cortes suaves que remetem às coisas simples da vida do diretor, seus livros, seus cães, seus amores. A ênfase nos pequenos movimentos dos lábios, soltando as palavras tão queridas.

E ainda a provável última aparição do célebre crítico de cinema Jairo Ferreira, amigo pessoal do cineasta, o que por si só já garante a espiadela neste pequenino trabalho – que pode ser conferido aqui: http://www.youtube.com/watch?v=jQxb3GF_fBA

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3 haikais

Direção: Carlos Reichenbach

Brasil, 2007.

Radicalizando (se é possível) suas controversas mas nunca escondidas tendências políticas, Carlos Reichenbach expõe neste pequeno curta-metragem algumas preferências sociais e ideológicas, contrastando idéias tão aparentemente díspares quanto a morte do líder russo Lênin e imagens de arquivo de obras da conhecida cineasta “nazista” Leni Riefenstahl.

É talvez sintomático perceber que, como todo autor, o diretor se desnuda mais claramente quando “disfarça” a autobiografia. Portanto, nesse sentido, 3 haikais, não é tão ácido quanto talvez tenha sido concebido.

No final das contas, vale mais como um pequeno comentário do cineasta, que poderia talvez ser encaixado futuramente em um longa mais ambicioso. Ou como um exercício de montagem, pois a edição é cuidadosa e eficaz.

Fique registrado também como é louvável, por parte do realizador, apostar sempre em novos formatos de expressão, diferentes maneiras de viabilizar uma idéia. Ainda que, parece, nem todas sejam extremamente memoráveis, a busca é sempre mais do que válida; lutar contra o comodismo é sempre uma das opções mais nobres em arte. Então que se veja Carlos Reichenbach com o devido respeito a um contestador, um sensato e apaixonado contestador.