Inventário Grandes Musas da Boca

Nádia Destro


Por Adilson Marcelino

As musas da Boca do Lixo são eternas, mas algumas delas são, injustamente, menos lembradas. Esse é o caso da paulista Nádia Destro.

Nascida em 1º de junho de 1958, Nádia destro começou a carreira artística como modelo fotográfico, mas logo foi atraída pelo cinema, onde vai desenvolver trajetória de 13 filmes e ser dirigida pelos bambas da Boca.

Nádia Destro estreia no cinema já no final dos anos 1970, década de ouro da produção cinematográfica da Boca do Lixo, que no início dos 80 cairia de boca, com o perdão do trocadilho infame, no sexo explícito. Talvez por isso, a atriz não tenha ficado tanto no imaginário popular como outras deusas do pedaço.

No entanto, isso não impediu Nádia Destro de atuar sob a batuta de cineastas como Antonio Meliande em Damas do Prazer (1978), que marca sua estreia, Ary Fernandes em Sexo Selvagem (1979) e José Mojica Marins em Estupro (1979).

É na década de 80 que se situa grande parte da filmografia da atriz, sobretudo nos dois primeiros anos, 1980 e 81, já que com a chegada do explícito Nádia Destro será mais uma a debandar do cinema.

A comédia safada de Fauzi Mansur, O Inseto do Amor (1980), reúne deusas da Boca quase que por fotograma: Helena Ramos, Angelina Muniz, Zélia Diniz, Rossana Ghessa, Ana Maria Kreisler, Claudette Joubert, Liza Vieira, Alvamar Taddei, Misaki Tanaka, Ariadne de Lima, e, claro, Nádia Destro.

Ainda em 80, atua também em Império das Taras, de José Adalto Cardoso, Bacanal, de Antonio Meliande, e no cult A Prisão, de Osvaldo de Oliveira.

E é essa década também que marcará o encontro entre a musa e o cineasta Alfredo Stenrheim, que vai reservar duas personagens importantes para a atriz, em Corpo Devasso (1980), e Violência na Carne (1981).

Corpo Devasso é o ousado filme de Sternheim produzido e protagonizado por David Cardoso, um trabalhador rural que foge do interior e acaba se prostituindo em São Paulo, onde é sustentado por mulheres e faz grana em transas gays. Nádia Destro é Silvia, a filha da possessiva advogada Ângela (Meire Vieira), sendo que ambas disputam o amor e o corpo do caseiro, emprego que Beto (Cardoso) se aventura para tentar largar a prostituição, masque acaba lançando-o novamente para a cama.

Violência da Carne focaliza um grupo de teatro que é feito refém por bandidos que estão fugindo da cadeia. Nádia Destro é uma das vítimas do sadismo de alguns integrantes do bando, tanto ela quanto sua namorada interpretada por outra musa, a talentosa Sonia Garcia – o elenco tem mais duas deusas, Helena Ramos e Neide Ribeiro.

Antes de abandonar o cinema, Nádia Destro será dirigida ainda por três dos mais importantes diretores da Boca: José Miziara em Como Faturar a Mulher do Próximo (1981); Carlos Reichenbach no GRANDE O Império do Desejo (1981), e John Doo no cult Ninfas Insaciáveis (1981).

Filmografia

Damas do Prazer, Antonio Meliande, 1978
Sexo Selvagem, Ary Fernandes, 1979
Estupro, José Mojica Marins, 1979
O Inseto do Amor, Fauzi Mansur, 1980
Império das Taras, José Adalto Cardoso, 1980
Bacanal, Antonio Meliande, 1980
A Prisão, Osvaldo de Oliveira, 1980
Corpo Devasso, Alfredo Sternheim, 1980
Violência na Carne, Alfredo Sternheim, 1981
Como Faturar a Mulher do Próximo, José Miziara, 1981
O Império do Desejo, Carlos Reichenbach, 1981
Ninfas Insaciáveis, John Doo, 1981.