Os Amores da Pantera

Especial Jece Valadão Cineasta

Os Amores da Pantera
Direção: Jece Valadão
Brail, 1977.

Por Ailton Monteiro

Jece Valadão, que nos anos 60 e 70 ficou famoso pelas personas de cafajeste ou bandido, teve suas experiências como diretor, com mais de quinze filmes no currículo. Os Amores da Pantera (1977) é um desses trabalhos que ficaram um pouco esquecidos. Talvez por não ser mesmo um grande filme, mas, principalmente, porque quase ninguém parece dar o devido valor à história de nosso cinema. Por isso um veículo como a Revista Zingu! tem sido tão importante ao fazer a sua parte na construção dessa memória.

Os Amores da Pantera é um thriller que apesar de conter cenas de violência e perversão não consegue atingir o tom necessário para intoxicar o sangue do espectador. Ainda assim, trata-se de um filme que tem o seu grau de interesse. Vera Gimenez está muito bela e sexy como a “pantera” do título, uma mulher que ganha dinheiro de forma pouco honesta, mas que ainda assim é amada por um de seus namorados, o personagem de Reinaldo Gonzaga, e admirada por outros, ainda que seja por sua beleza.

Uma das cenas-chave do filme é a do bacanal promovido por milionários do Rio e de São Paulo. Na tal cena, o personagem de Roberto Pirillo, o verdadeiro vilão do filme, ao lado de Paulo César Pereio, fura os olhos de uma das prostitutas que ele leva para a festa. No dia seguinte, ela é sequestrada e morta. Seu corpo é encontrado e a polícia acaba aceitando o dinheiro dos milionários para ficar de bico fechado. Aliás, o dinheiro é o que move toda a trama.

O filme vai ficando mais interessante quando o personagem de Gonzaga recebe uma tarefa nada agradável. No fim das contas, Os Amores da Pantera carrega uma forte moral, mas não a ponto de os vilões se safarem, o que já é uma ousadia da narrativa.