Seu Florindo e Suas Duas Mulheres

Especial Wilza Carla

Seu Florindo e Suas Duas Mulheres
Direção: Mozael Silveira
Brasil, 1978. 

Por Adilson Marcelino  

 

 

Paródia do sucesso arrasa-quateirão Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto – até há pouco tempo a maior bilheteria da história do cinema brasileiro, posto que perdeu para Tropa de Elite 2, de José Padilha – Seu Florindo e Suas Duas Mulheres é dirigido e protagonizado por Mozael Silveira.

Aqui, a Flor de Sônia Braga vira o Florindo de Mozael Siveira. Já o Vadinho de José Wilker vira a Vadia de Wilza Carla, e o Teodoro de Mauro Mendonça vira a Dora de Lameri Faria.

Como lá e no romance de Jorge Amado – origem da história -, Vadia tem morte fulminante em pleno carnaval. Daí, o professor Florindo, que é assediado pelas alunas, acaba se casando com Dora, a virgem do pau oco. Só que lá pelas tantas, o fantasma de Vadia volta para a vida e para a cama de Florindo, e, sobretudo, para a mesa de jogos, já que era viciada no carteado.

Seu Florindo e Suas Duas Mulheres aposta na estética de Mozael Silveira, um tanto tosca e recheada de humor físico e pastelão. O resultado quase nunca atrai, ainda que pareça que Mozael realmente confie na graça pretendida.

Vadia é mesmo um achado e cai como uma luva para Wilza Carla, que defende sua personagem com unhas e dentes, apesar  do roteiro não contribuir em nada. Há as quase inevitáveis cenas de gula associadas à obesidade da atriz como piada pretendida, como também os amassos de cama explorando a mesma obesidade. Tem também os figurinos exóticos, uma das marcas da atriz.

Como pesadelo involuntário, há o uso insuportável da trilha sonora, que quase não nos dá descanso em seus acordes pontuando as cenas de cabo a rabo.

São de Wilza Carla os únicos bons momentos desse Seu Florindo e Suas Duas Mulheres, que tem ótima abertura – o cordão de carnaval -, mas que não se sustenta em seus 96 minutos.