Sinônimo de Cinema Popular

Dossiê José Miziara

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Adilson Marcelino
Foto: Laisa Beatris

Sinônimo de cinema popular de sucesso, José Miziara nasceu em Barretos em 1935, mas foi na Boca do Lixo, na capital, que se tornou um dos nomes mais conhecidos das telas. Cineasta, produtor, roteirista e ator, dirigiu 17 filmes, atuando em alguns deles e também nos de outros cineastas.

A primeira direção foi no episódio O Furo, do longa Ninguém Segura Essas Mulheres, em 1976, primeira e única produção da época do Estúdios Silvio Santos. Miziara assinou também o roteiro dos outros episódios dirigidos por Anselmo Duarte, Jece Valadão e Harry Zalkowistch.

Drama protagonizado por Jece Valadão e Nádia Lippi, em O Furo já estão alguns dos temas que marcarão a trajetória do cineasta: a prostituição e a dificuldade da realização do amor. Miziara parece gostar de temas quentes, como a citada prostituição, tanto feminina – O Furo e Mulheres do Cais quanto masculina – Os Rapazes da Difícil Vida Fácil -, homossexualidade – As Intimidades de Analu e Fernanda, e traumas psicológicos – Meus Homens, Meus Amores. Abordou também aqueles que estavam na moda do momento, como o swingEmbalos Alucinantes – A Troca de Casais.

Algumas vezes esses temas foram focalizados pelo viés dramático, noutras pela comédia, já que dirigiu vários filmes nos dois gêneros. Algumas vezes pesou a mão na construção de seus personagens, noutras os delineou com leveza, como nos bufões e gaiatos de Pecado Horizontal. Aliás, Pecado Horizontal é um de seus filmes mais amados por gerações que viram suas produções nos cinemas da época ou aguardavam com ansiedade as sessões das Salas Especiais das TVs – hoje substituídas pela Como Era Gostoso o Nosso Cinema, do Canal Brasil.

Ao lado de Pecado Horizontal estão dois grandes sucessos do cineasta, igualmente amados pelo público: o primeiro longa, O Bem Dotado – O Homem de Itu; e Embalos Alucinantes – A Troca de Casais. Os dois filmes foram protagonizados por Nuno Leal Maia, que esbanjou versatilidade, no primeiro como um matuto assediado por todas as beldades por causa do seu atributo sexual, e no segundo como o esperto e cafajeste que quer se dá bem no grand monde.

Como não poderia deixar de ser, o cinema de Miziara está repleto de musas, em uma lista para ninguém botar defeito: Nádia Lippi, Helena Ramos, Aldine Muller, Marlene França, Ana Maria Nascimento e Silva, Esmeralda Barros, Suely Aoki, Glória Cristal, Lola Brah, Sílvia Salgado, Rosemary, Arlete Montenegro, Novani Novakoski, Kate Lyra, Alvamar Taddei, Nidia de Paula, Wanda Stefânia, Selma Egrei, Elisabeth Hartmann, Márcia Maria, Matilde Mastrangi, Patricia Scalvi, Nádia Destro, Zilda Mayo, Marisa Sommer, Lisa Vieira, Shirley Benny, Rosamaria Pestana, Carmen Angélica, Sandra Midori, dentre outras.

Durante a fase explícita, dirigiu alguns filmes, encerrando sua carreira de cineasta em meados dos anos 1980 e privilegiando o trabalho na TV, onde bate ponto há 23 anos na Praça é Nossa, de Carlos Alberto de Nóbrega, no SBT.