Eu trabalhei com José Lopes

Dossiê José Lopes

Eu trabalhei com José Lopes
Depoimento de Thiago B. Mendonça

Índio é um produto da Boca. Sobrevivente, macunaímico, migrou da aldeia aos tele-catchs. Estreou como ator nos ringues, substituto do Índio Paraguai. Depois emprestou o rosto aborígene para os westerns feijoadas e filmes de gênero da Boca com a paixão que só aqueles que amam o cinema podem compreender. Paixão que o leva a zanzar até hoje pela região da Luz relembrando os “tempos de ouro” do cinema da Boca. Perambula pelas ruas do centro à espera do próximo papel, que o renova para as rodas de cachaça e sacanagem com a boemia do antigo Triunfo.

Sou amigo de Índio, que trabalhou em meu primeiro curta (Minami em Close-up – A Boca em Revista) fazendo o papel dele mesmo. Um dia, durante as filmagens, perguntei a ele quais, em sua opinião, eram os maiores diretores brasileiros. Sem hesitar ele respondeu: Glauber Rocha, Ozualdo Candeias e Tony Vieira. Assim é o Índio, síntese antropofágica de nosso cinema e de nossa gente, bárbaro e nosso.

Thiago Mendonça, 31, é cineasta e dirigiu José Lopes em Minami em Close-Up – A Boca Em Revista (2008)