Depoimento de Ênio Gonçalves

Dossiê Carlos Reichenbach

Conheci pessoalmente o Carlão quando filmamos juntos uma cena do filme Belas  e Corrompidas, do Fauzi Mansur. Carlão fazia o papel de um cego e eu um gigolô chamado Gardel. Eu o matava a bengaladas usando a sua própria bengala. Logo se estabeleceu uma forte sintonia entre nós dois, que somos cinéfilos; ele, o  maior cinéfilo que conheço. Depois disso, fizemos juntos mais dois filmes (ele como diretor de fotografia). Finalmente veio o convite para Filme Demência, uma experiência rara na minha carreira de ator. Depois vieram Anjos do Arrabalde e Garotas do ABC.

O cinema libertário do Carlão extrapola em criatividade e generosidade, através de personagens e situações inesperadas. Seu amor pelo cinema não admite concessões, sua câmera não balança conforme o vento. Senti-me profundamente honrado quando ele declarou que eu era o seu alter-ego cinematográfico. Devo a ele, também, dois prêmios que recebi como ator: no Rio de Janeiro por Filme Demência e em Brasília por Garotas do ABC. Muito obrigado, meu amigo.

Ênio Gonçalves é ator, e trabalhou com Carlão em vários filmes, entre eles, Filme Demência