Dossiê Carlos Reichenbach
Não sou a pessoa indicada para isto, apesar e devido à proximidade que sinto com o Reichenbach. Então não é depoimento, é um pessoal confessional elogio.
Respeito e admiro há muito tempo Carlão, pela sinceridade narrativa de sua apaixonada visualização cinematográfica humanista e afetiva. São lições de um auditor das emoções, para meu imaginário um compositor virtuoso de identificações cinematográficas, um explorador do cinema, dessa linguagem materializável da mente, revelador de reencontros no tempo. Como amigo, ex-sócio, cuja profissão no mundo, como Rossellini afirmava, mais que cineasta, era de ser homem, é para mim um exemplo ético de postura e intenções, uma agulha aguda num palheiro de franchising, pela coerência e consistência e persistência de sua reflexão radicalmente anárquica e humana. Aprendi e continuo aprendendo do seu processo de conhecimento in progress, de interventor crítico no devir do imaginário de muitos jovens, e penso que para ele o fazer filmes seja só uma pequena parte desta ação. É da responsabilidade crítica, afetiva, efetiva, assumida e provocadora, no dia a dia, de motivar uma reflexão libertadora através do cinema, da música e da literatura, que reconheço sua excepcionalidade entre nós. E que é um privilégio, conhecendo-o, surpreender-me sempre com as novas descobertas da sua busca, que nos revela, expõe e comenta, do poder transformador da linguagem da arte neste século do cinema.
Se exagerei na forma, é porque ele é grande mesmo.
Andrea Tonacci é cineasta e amigo de Carlão