Corrida em Busca do Amor

Dossiê Carlos Reichenbach

Corrida em Busca do Amor

Direção: Carlos Reichenbach

Brasil, 1971.

Por Matheus Trunk

O crítico, ensaísta e professor Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977) tinha como máxima que “o pior filme brasileiro nos diz mais que do que o melhor filme estrangeiro”. Esta frase é bastante polêmica e é sempre objeto de discussão no meio cinematográfico. Paulo Emílio se referia à impossibilidade do cinema nacional em se igualar ao modelo estrangeiro.

No caso de Corrida Em Busca do Amor, esta impossibilidade foi extremamente positiva. Ao invés de termos um filme ingênuo sobre a juventude transviada, Carlão realizou uma comédia bastante criativa.

O argumento é aparentemente banal: integrantes de duas equipes disputam uma corrida de carros usados. Das duas escuderias, uma é rica e a outra é pobre. Tudo indica que teríamos mais um daqueles filmes bobos sobre adolescentes e seus carros. Porém, isso não acontece quando este trabalho é assinado por um realizador como Carlos Reichenbach.

O inusitado personagem doutor Ivã – feito pelo próprio Carlão – e a participação especial do crítico Jairo Ferreira dão um tom de deboche no filme. A dupla de cômicos feita por Gibe e Carlos Bucka também é impagável. A mistura de gêneros e o uso da música como um personagem são pontos a serem destacados. O filme se encerra tendo a canção My Sweet Lord, do ex- Beatles George Harrison, como trilha sonora.

Segundo Reichenbach, um dos grandes triunfos de seu primeiro longa-metragem é a montagem certeira de Sylvio Renoldi. A maioria do filme foi filmada sem uma seqüência lógica. Renoldi conseguiu fazer um belo trabalho e concluiu a película de uma maneira bastante eficiente.

Fitas como Anjos do Arrabalde, Filme Demência e Alma Corsária são mais lembrados como exemplos do universo do “nosso Fassbinder”. Mesmo tendo sido feito com grandes dificuldades e sem grandes nomes, Corrida Em Busca do Amor é um legítimo filme de seu realizador.