Nesta edição 43 da Zingu! apresentamos um dossiê de um artista popular que é, para variar, injustiçado pela memória nacional: o grande Geraldo Vietri. Um dos principais nomes da renovação da telenovela brasileira, Vietri fez história com sua abordagem do cotidiano repleto de personagens de carne e osso, desses que a gente identifica nas ruas e totalmente críveis, em marcos televisivos como Antonio Maria, Nino O Italianinho, A Fábrica, Vitória Bonelli, Meu Rico Português e João Brasileiro, o Bom Baiano.
De temperamento às vezes explosivo, mas também marcado pela doçura, generosidade e humor, esse paulistano nascido em 1930 foi sinônimo da TV Tupi, emissora pioneira que marcou época com suas novelas e programas, e que, ainda hoje, serve de modelo para muitas produções que estão por aí.
Geraldo Vietri fez da Tupi sua vida, como três atrizes-fetiches de sua obra e entrevistadas pela Zingu! – Arlete Montenegro, Elisabeth Hartmann e Márcia Maria – testemunharam aqui. Talvez um caso único em seu metiê, Vietri não só escrevia suas tramas, como também dirigia e editava. Uma verdadeira loucura, pois, mesmo levando-se em conta as diferenças que norteiam as novelas atuais, basta constatar que todas elas têm um verdadeiro batalhão de gente por trás de cada uma, seja escrevendo, dirigindo ou editando. Já Vietri fazia quase todas sozinho, pois tinha , inclusive, ciúmes delas.
Geraldo Vietri gostava de trabalhar com um elenco fixo, e morria de ciúmes dele também, como nossas entrevistadas contam. Nele figuravam nomes como Tony Ramos, Márcia Maria, Paulo Figueiredo, Arelete Montenegro, Elisabeth Hartmann, Jonas Mello, Etty, Fraser, Chico de Assis, Marcos Plonka e Flamínio Fávero.
Muitos que compunham essa família Vietri ele levou também para os filmes que escreveu e dirigiu. Com 13 longas no currículo, mas boa parte deles sem possibilidade de acesso, Vietri dirigiu desde filme oficial como Tiradentes – O Mártir da Independência, e adaptação formal de José de Alencar em Senhora, até leitura surpreendente da homossexualidade em Os Imorais. Isso sem falar na sacudida no que pode haver debaixo do tapete das famílias de classe média em filmes como Adultério Por Amor e Sexo, Sua Única Arma. Todos esses cinco filmes – de um total de 13 – estão comentados aqui nessa edição 43. A Zingu! entrevistou também algumas das atrizes-símbolos de sua obra, Arlete Montenegro, Elisabeth Hartmann e Márcia Maria; e colheu depoimento de um ator fundamental na carreira dele, Paulo Figueiredo, e do pesquisador de altíssima estirpe Nilson Xavier, fundador do essencial site Teledramaturgia.
Além do dossiê Geraldo Vietri, esta edição apresenta o especial O Carnaval no Cinema Brasileiro. Ok, sabemos que estamos em plena quaresma, para os católicos. Mas como nem o cinema e tampouco a Zingu! estão condicionados a isso, esticamos a folia por aqui com a seleção de oito filmes em que a festa popular está no centro da ação ou como pano de fundo.
Como não poderia deixar de ser também, temos as colunas tradicionais e as mais ou menos recém-criadas, com muito conteúdo interessante e redatores e colaboradores idem.
Tenham todos uma ótima leitura!
Adilson Marcelino
Editor-Chefe da Zingu!