Carta ao leitor.

Primeiro, um pedido. Quem tiver a Zingu! linkada em blog ou site, e ainda não o tiver feito, favor atualizar o endereço para www.revistazingu.net E, se possível, espalhar a notícia, divulgar a revista.

Agora, falemos da edição #38, a nova edição da Zingu! que acaba de aportar no mundo virtual. O responsável pelo dossiê desse bimestre é o grande amigo Matheus Trunk, que comandou a Zingu! até abril do ano passado. Matheus realizou uma longa e esclarecedora entrevista com José Lopes, o Índio, ator e técnico da Boca do Lixo, que fez também muita televisão. Não estive presente, mas pela sua leitura, uma coisa fica bem clara. Se não houvesse pessoas como o Matheus, que se debruçam sobre a obra de um cara como o Índio, provavelmente não leríamos histórias tão fascinantes sobre os bastidores da Boca, e não saberíamos nada sobre esse cinema. Lá, na parte 3, ficamos sabendo de quase tudo sobre Tony Vieira, por exemplo. (Aliás, Tony ganhou um museu em sua cidade natal, Contagem/MG, com direito a uma mostra de cinema e festividades. Ficamos muito felizes com esse feito. É uma valorização ao cineasta popular que não vemos por aí.)

Índio e Tony foram muito amigos e Matheus explora isso bastante. Mas os melhores momentos da entrevista estão na parte 1. Nela, Lopes conta toda sua trajetória para chegar a São Paulo e ao cinema – e aqui, talvez, seja o mais proveitoso, porque é quando temos o retrato de José Lopes que não teremos de outra forma. Conhecer a infância e juventude, e o caminho percorrido por um personagem do cinema para chegar a ele, é uma das coisas mais fascinantes de longas entrevistas. É o tipo de coisa que raramente se encontra por aí, especialmente pela mídia de pautas quentes, que tem necessidade de cobrir só o que é notícia.

E é não lidando com essa questão de pauta quente que só agora fazemos esse especial Anselmo Duarte. O cineasta e ator faleceu no começo de dezembro de 2009, e só agora, três meses depois, que essa revisita à sua carreira vai ao ar. Sua perda é enorme para o cinema brasileiro. Anselmo tinha fama e ressentido e não era à toa. Nunca se perdoou, bem como aos críticos cinemanovistas, pelo rumo que sua carreira tomou. De galã para cineasta popular, premiado em Cannes, em 1962, por O Pagador de Promessas, para fracassos de bilheteria e de crítica, até a feitura de filmes por encomenda, realizados a toque de caixa, sem paixão alguma. A década de 70, enquanto diretor, não lhe foi muito proveitosa. Seus filmes só mostravam como lhe haviam derrotado. Anselmo estava cansado, dirigia, parece, por birra. Não havia mais o mesmo vigor de seus dois primeiros filmes, o ótimo Absolutamente Certo! e a obra-prima O Pagador de Promessas.

A carreira do cineasta é retomada. Além de ótimo texto de Andrea Ormond (Tragam-me a cabeça de Anselmo Duarte), Adilson Marcelino rememora sua carreira enquanto ator. Temos, também, resenhas de quase todos seus filmes como diretor. Algumas, republicadas de outros críticos, outras inéditas.

É um bimestre de memórias aqui na Zingu!.

Gabriel Carneiro
Editor-chefe

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